domingo, 30 de novembro de 2008

Testemunho Antonio Bezerra de Menezes, tataraneto do líder espírita Bezerra de Menezes


O DIA EM QUE CONHECI A VERDADE


Antonio Bezerra de Menezes

Antonio representa a quarta geração do Dr. Bezerra de Menezes, o primeiro presidente da Federação Espírita Brasileira, além de vereador, deputado e prefeito do Rio de Janeiro. Depois de haver alcançado o topo de suas buscas esotéricas, ter tido contato com mortos, ter psicografado, adivinhado, visto e previsto o que era verdade a muitos, caiu em violentos fracassos econômicos e familiares, o que o fez entrar em desespero...

Meu tataravô era uma pessoa muito caridosa e respeitada; costuma dizer que aquele que não ajudasse um enfermo, ainda que pela madrugada, não subisse o morro e fosse socorrê-lo, não era um médico, mas um maldito. Um dos seus princípios básicos era o amor ao próximo. Nasci nesta família - família que seguia o kardecismo; e vivia o evangelho segundo Alan Kardec. Estávamos sempre nos centros espíritas, fazendo trabalhos. Lembro que tinha uma tia na umbanda, e por isso nos envolvíamos algumas vezes com a umbanda, outras com o kardecismo. Fomos nos aprofundando. Na casa dela sempre ocorriam manifestações sobrenaturais, ela recebendo espíritos que nos traziam mensagens de "Deus". Outra tia, após o jantar, tirava a mesa, colocava a toalha branca e iniciava o trabalho de kardecismo, com orações e preces mediúnicas.

Na minha adolescência comecei a ter amizade com rapazes cujos pais eram donos de centros espíritas. E com isso fui seguindo cada vez mais a trajetória de toda a família. Passei a conhecer também outras religiões e outras seitas, pois quem se envolve com o ocultismo não fica restrito a uma única religião. Começa a ocorrer verdadeira saladas de coisas. Fui então para o Budismo e as religiões do Oriente; comecei a praticar Yoga e quatro artes marciais. Passei a me envolver com toda a ideologia da Nova Era; a buscar o poder e as realizações da mente. Andei atrás de coisas sobrenaturais - o poder latente da alma, o entrar em lugares sem ser visto, pensar em pessoas e elas surgirem. E comecei a me sentir cheio de poder...

Jesus sempre foi para mim um grande ser iluminado e um alvo para a minha vida. Imaginava que se continuasse a crescer espiritualmente seria um dia como Jesus, Gandhi, Buda, ou outro ser superior. E minha família continuava a conviver com o espiritismo, trabalhos, seções e operações mediúnicas. Um dia, quando trabalhava na construção de um edifício, dois reverendos vieram falar comigo de Jesus, um Jesus muito diferente daquele que eu conhecia nas reuniões kardecitas. Mas eu confesso que odiava os cristãos! Sempre que os via com a Bíblia na mão, ou debaixo do braço, ficava enraivecido. E quando via Bíblias com zíper, mais enfurecido ainda ficava! O pior é que um dia meu irmão chegou em casa com uma Bíblia daquelas distribuídas nos colégios. Ao vê-lo, fui logo dizendo: "taca fogo nessa Bíblia! Isso aí não é nosso! Nós somos espíritas, temos o evangelho segundo Allan Kardec; esse, sim, é o evangelho que vamos seguir!" Um pormenor interessante é que no evangelho segundo Allan Kardec, bem no começo, existe um texto que diz que no início o evangelho segundo Kardec chamava-se a "Imitação do Evangelho". Então eu pergunto; quando queremos alguma coisa buscamos o original ou a imitação? Comecei a refletir, a ficar meio cismado...

Aqueles homens me diziam: "Bezerra, você está com muitos problemas... Você precisa de Deus em sua vida... Pessoas que não conhecem a Deus têm um único destino: a morte eterna...". Eu então os interrompia, dizendo: "Há! Eu não acredito nisso! Primeiro, não acredito em diabo; segundo, não acredito em inferno. O homem morre, reencarna e tem uma outra vida". Mas eles continuaram: Não. Você conhece apenas uma doutrina religiosa, mas não conhece Deus. E as pessoas que não conhecem a Deus só tem um destino: o inferno! E digo mais: se você tem problemas e não conhece a Deus, se a caso morrer hoje, seu fim será o inferno..." Saí muito abalado daquele encontro. Abalado porque embora acreditasse em outras vidas e na teoria reencarnacionista, me veio uma dúvida: "E se o que eles dizem for verdade?..." Fiquei muito preocupado. Lembro que não gostava da Bíblia, nem a lia nunca. No entanto, li um monte de livros, como o evangelho de Buda e na Rosa Cruz estudei profundas técnicas de estudo da mente. Mas de repente comecei a me interessar pela Bíblia, porque o que ouvira me despertou a curiosidade.

Costumava psicografar, ter revelações e contato com os mortos - assim como minhas tias e outros familiares. Eu era empresário, dono de uma construtora, e minha vida começou a ficar muito ruim, os negócios entrando em crise. Passei a me afundar cada vez mais no espiritismo, e a cair em desespero. O que aconteceu na verdade foi que comecei a seguir a tradição espírita verdadeira. Pesquisando a vida de Allan Kardec, descobri que na França - país onde ele fundou a religião - o espiritismo não subsistiu. Ele se perdeu totalmente, e hoje não tem influência na sociedade. Das ciências ocultas, só a magia negra tem hoje força na França. O próprio Allan Kardec, que em 1824 fundou uma escola idêntica a de seu amigo Pestallozzi, faliu. O Dr. Bezerra de Menezes, que foi prefeito do Rio de Janeiro e pessoa de renome, perdeu tudo o que tinha no final da sua vida. E até os meus avós perderam seus bens, ao se envolverem com o espiritismo. E não foi diferente comigo; minhas finanças começaram a seguir as tradições espíritas verdadeiras...Eu tinha uma empresa, e num determinado momento comecei a sofrer tremendas perdas. Cheguei a perdei quase 1 milhão de dólares em maus negócios!
A situação se tornou tão terrível, que minha vida ficou completamente acabada; virei um derrotado. Comecei a pensar realmente em suicídio; uma voz me sussurava: "Você já era! É hora de tentar o suicídio!" Eu era sócio do melhor clube da cidade: a Sociedade Hípica. Tinha quatro veículos, uma motocicleta, motorista particular, enfim, desfrutava uma vida estável, muito boa.

Aliás, eu anunciava a quantos podia que encontrara o caminho, a paz, a felicidade! Só que eu era espírita e, não satisfeito, incontrolável, fui me envolvendo com ocultismo japonês, Se-cho-noiê, Yoga, artes marciais, Igreja Messiânica, Nova Era, religiões orientais, seitas egípcias, cabala, etc. Então perdi a empresa, os carros e até a minha casa. Cheguei ao fundo do poço. Minha vida ia de mal a pior. Mas aquela conversa com os reverendos não me saia da mente. Lembro que não consegui esquecer algo que me disseram: "Quando você conhecer a verdade, ela vai libertá-lo!".

Começou então uma grande briga no meu interior. Havia duas vozes. Uma dizia que eu devia acabar com a minha vida. Eu era campeão de tiro no exército; era simples. Bastava pegar o revólver e dar um tiro no ouvido. A outra dizia que Deus me queria vivo, e Ele tinha muitos planos para a minha vida. A luta no meu íntimo foi muito intensa. Foram 33 anos de resistência à voz de Deus.

Minha vida financeira estava um verdadeiro desastre; além disso minha mulher vivia no hospital, com o sistema nervoso abalado. E eu andava aborrecido, porque o espiritismo não conseguia resolver meu problema. A opressão dentro de mim aumentava cada vez mais. Até que um dia resolvi me candidatar a vereador de minha cidade. E ao entrar em campanha política procurei a Federação Espírita. Lá, a presidente me disse: "Você é nosso candidato ideal; precisamos de um vereador espírita na Câmara de Vereadores. Vamos apóia-lo". Deu-me então uma lista de todos os centros espíritas da cidade. Havia centro espírita mesa branca kardecismo, umbanda, candomblé. Parti em busca de votos, e para isso me afastei da família durante seis meses. Abandonei minhas filhas e minha mulher. A situação ficou tão terrível que esta, num momento de grande agonia, me disse: "Eu não posso mais viver com você! Pegue as suas malas e vá cuidar da sua vida! Você não quer abandonar a campanha política, e eu preciso de você como chefe de família...Vá embora!".

Com a família destruída, continuei a campanha. Um certo dia, quando cheguei num centro espírita, vi uma médium totalmente incorporada. Ora, eu não acreditava nem em Deus nem no diabo. No entanto a expressão daquela mulher me assustou muito! Ela tinha uma imagem distorcida...Seu rosto tinha uma expressão demoníaca. O susto foi tão grande que sai correndo daquele lugar. Foi terrível! De novo comecei a ouvir voz: "Quando você conhecer a verdade, ela vai liberta-lo!" Eu não gostava de cristão, nem de Bíblia, nem de nada. No entanto, agora começava a temer pelo futuro. Sofria muito; estava muito triste, louco para voltar para minha casa. Um dia um casal de amigos ex-espíritas - eles haviam feito um pacto no Vale do Amanhecer, em Brasília, e eram profundamente envolvidos com o espiritismo - me procuraram e me disseram: "Bezerra, aparece lá em casa; queremos conversar com você". Como precisava de voto, fui até aquela casa pedir apoio para minha campanha política. Mostraria nossos planos para a cidade, as obras que precisava ser feitas e a legislação que necessitava de mudança. Lá pelo meio da conversa os dois me disseram: "Você precisa de Jesus... Você precisa conhecer a Deus!" Ao ouvir isso, caí com a cara no chão! Completamente desacordado. Comecei a lembrar o que Deus fizera em minha vida, sem que nunca me houvesse dado conta.
Uma vez fui assaltado por três homens; eles colocaram o revólver em minha cabeça e na barriga, levaram meu carro, e Deus me livrou. Noutra ocasião sofri um acidente terrível em São Paulo: meu carro pegou fogo e não morri. Também estive 22 dias internado, e 9 dias em coma no hospital, e sobrevivi. Sofri um terrível acidente na Via Dutra, quando um caminhão carregado de areia passou por cima do meu carro, eu e toda família dentro: ninguém morreu...Ali, com o rosto no chão, lembrando tudo aquilo, ouvi a voz de Deus me dizendo: "Você não quer, agora, deixar que eu cuide da sua vida de verdade? Não quer me entregar, agora, o seu coração?" Lembrando tudo, como se estivesse vendo um filme, e chorando por dentro, disse: "Sim, Deus, eu quero entregar a minha vida!" Quando disse isso, ouvi: "Bezerra, eu te recebo..." Ao abrir os olhos, chorando, vi diante de mim aquele casal de amigos.

Eles olharam para mim e disseram: "Bezerra, você quer entregar sua vida a Jesus?" E eu respondi: "Sim, eu quero!" Fiz minha primeira oração e entreguei a minha vida a Deus. Mas eu ainda tinha um problema muito sério; estava separado da minha mulher. Queria voltar para a família. Minha vida tinha sido muito complicada; eu era um péssimo chefe de família. Minha mulher e eu nos agredíamos verbalmente com palavrões, e a separação foi praticamente inevitável. Resolvi então retornar a casa e voltar a viver com ela. Foi terrível! Discutíamos muito. Até que eu desejei, do fundo do meu coração, juntamente com aquele casal, levá-la à Igreja. No dia marcado para isso, cheguei a minha casa e fui direto para o banheiro. Trancado, e chorando, fiz esta oração: "Senhor Jesus, salva a minha casa. Muda a minha vida! Transforma a minha família".

No carro, durante o percurso, minha mulher foi o tempo todo discutindo comigo. Ela queria que eu reagisse; que brigasse com ela, e acabasse voltando do meio no caminho. No entanto, dentro de mim eu repreendia o mal e clamava pela ajuda de Deus. Quando chegamos à porta daquela Igreja, algo maravilhoso aconteceu. Deus encheu o meu coração e a minha alma transbordou de alegria.

A reunião foi maravilhosa. No final, o reverendo disse a ela: "Deus deseja que você e seu marido voltem a se amar". Mas ela não aceitou. Contudo o reverendo tinha tanta convicção do que estava dizendo que respondeu: "Posso ir à sua casa e orar por sua família?" Ela respondeu: Pode, às 18 h". (Respondeu afirmativamente porque sabia que na sexta-feira, às 14 h, assinaríamos a separação.)

Desesperado, e ao mesmo tempo confiante no que Deus poderia fazer na minha vida, liguei para o advogado e disse: "Olha, eu não quero mais assinar a separação"; "Mas é impossível! Está tudo preparado!"; "Por favor, não apareça aqui amanhã! Por favor não venha..."

E ele não foi. Na sexta-feira, desesperada, ela ligou muitas vezes para o advogado, mas inutilmente. Até que às 18 h chegou o reverendo. Confiante, ele pediu licença para orar. Enquanto clamava a Deus por nossa vida, disse que havia em nosso quarto um altar espírita de adoração. E descreveu-o com tanta precisão que minha mulher e eu ficamos muito impressionados. Chocado com aquilo, confirmei ser verdade. Então perguntei-lhe: "Que devo fazer?" "Amigo, quebre tudo!" - respondeu incisivo.

E o mais impressionante: enquanto eu quebrava o altar, minha filha de apenas dois anos de idade pegou uma Bíblia que eu tinha em casa - uma Bíblia histórica Barsa -, levou-a até minha mulher, abriu-a, apontou com o dedinho, e disse: "mamãe, lê aqui". Minha mulher, sem entender nada, olhou e leu sobre o divórcio. Minha esposa começou a chorar... No dia seguinte, enquanto fazia compras, em profunda depressão ela pensou em várias maneiras de suicídio: atirar-se debaixo de um carro, jogar-se da janela do apartamento, tomar veneno, cortar o pulso etc. Mas não conseguiu. Deus estava operando na sua e na nossa vida.

Quando no dia seguinte voltamos à igreja, o reverendo perguntou do lugar onde estava ministrando: "Existe alguém neste lugar que já tentou tirar a sua própria vida muitas vezes, e ontem mesmo tentou o suicídio mais uma vez?" Naquele momento, totalmente contrita e desesperada, minha mulher levantou-se e entregou sua vida a Jesus. Nós nos reconciliamos, e nosso casamento foi completamente restaurado.

A saúde de minha esposa também foi restaurada! Hoje, graças a Deus, somos muito felizes e temos três filhas lindas. Tudo mudou. Eu sou um homem livre!

Antonio Roosevelt Bezerra de Menezes Filho

Transcrito da Revista A Voz - ADHONEP

via Jornal O Independente - http://independente-cg.zip.net/


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Aproveitamos para disponibilizar um livro gratuito para a reflexão dos leitores:


Reencarnação e Cristianismo - João R. Weronka - Ministério NAPEC
A obra em questão aborda o choque entre a teoria da reencarnação com a doutrina cristã. Em Reencarnação e Cristianismo: água e óleo, o leitor irá encontrar respostas para este conflito.
Acesse, leia e divulgue. Para efetuar o download, clique aqui.


sábado, 25 de outubro de 2008

A IGREJA EVANGÉLICA HOJE - Russel Shedd

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Por que ser membro dela?


Russel Shedd

É maravilhoso ser membro da Igreja de Jesus Cristo! Ele prometeu, durante seu ministério na terra, que edificaria sua Igreja. A Igreja teve seu início miraculoso com a descida poderosa do Espírito Santo e continua crescendo com sua atuação regeneradora. Ninguém faz parte da Igreja de Jesus Cristo sem nascer do Espírito. Ela é um povo exclusivo de Deus, foi escolhida livremente pela sua graça antes da fundação do mundo e existe inteiramente para sua glória e prazer.

A palavra “invisível” descreve a Igreja universal. Parece infeliz porque sugere uma idéia platônica, isto é, que a Igreja pode existir sem uma expressão visível. Os Reformadores desenvolveram esta descrição para manter o princípio, contra Roma, de que a Igreja está fundamentada na graça livre de Deus. Foi assim que os apóstolos enxergaram o povo redimido – do império das trevas – e transportado para o Reino do seu Filho amado. Somente Deus sabe quem realmente lhe pertence; portanto, invisível para nós.

Para se tornar parte da Igreja, a Bíblia exige confissão pública, normalmente no batismo, e uma fé genuína na ressurreição histórica de Jesus dentre os mortos. Não há garantia de que os que confessaram o nome do Senhor e “creram nEle” foram realmente regenerados. A confirmação da fé salvadora de um membro da Igreja de Jesus Cristo vem através do amor de Deus derramado nos corações dos salvos e a perseverança no caminho. Declara o autor de Hebreus: “Pois passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de fato, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio” (3.14 – NVI).

A Igreja é um templo, disse Paulo, querendo dizer com isso que Deus habita no meio de sua família na terra, tal como habitava no Santo dos Santos no templo de Salomão. Para Pedro, a Igreja é representada por uma casa espiritual edificada com pedras vivas porque chegaram à Pedra Viva (Jesus). A Igreja é um campo com plantas (pessoas) que têm qualidades que o Espírito desenvolve para demonstrar seu amor: “alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gl 5.22,23).

A Igreja ganhou o título de família de Deus pelo fato de que Ele adotou os membros como filhos. A fraternidade dos “irmãos” da Igreja deve ser uma expressão do relacionamento familiar que une os que gozam do direito de fazer parte dessa nova “raça eleita”. Ela também é um “novo homem” com ambições distintas dos homens da raça de Adão e Eva.

Tristemente, não podemos concordar com todas as posturas de todos os líderes humanos que pastoreiam mais de um milhão e meio de igrejas locais no mundo inteiro. Alguns deles ensinam doutrinas antibíblicas e promovem práticas opostas às que Deus propõe para sua Igreja. A infidelidade dos membros não nega a finalidade de Deus em resgatar pecadores das garras satânicas, dando-lhes vida pela graça recebida por fé. Deus “nos escolheu nele antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença” (Ef 1.4).

Ortodoxia doutrinária que produz igrejas que apresentam a imagem de Cristo não pode ser definida com absoluta precisão. No entanto, o alvo que Paulo declarou para os colossenses deve ser a ambição principal de todos os que amam ao Senhor Jesus de verdade. “Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (1.28). Foi o mesmo interesse que Jesus teve logo antes de sua ascensão: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo que eu lhes ordenei” (Mt 28.19,20).

CONCLUSÃO

As aberrações doutrinárias e desvios nas práticas comprovam a vulnerabilidade da igreja no mundo pós-moderno. Jesus estava consciente do perigo que a igreja correria quando levantou a questão da fé existir ou não na terra quando Ele voltar. Como a igreja de Laodicéia, que não reconhecia sua condição miserável, digna de compaixão, pobre, cega e nua, as igrejas contemporâneas são suscetíveis às tentações mundanas e a viverem longe dos alvos do seu Senhor. Que Deus graciosamente mostre misericórdia para com sua Igreja, enviando líderes e membros comprometidos com as ordens que Ele passou para ela através de seus apóstolos e profetas há dois mil anos.

Fonte: Revista Enfoque - Edição 65 - DEZ / 2006
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sábado, 4 de outubro de 2008

DEFICIENTES FÍSICOS

Abrindo a porta

TEARFUND - www.tilz.tearfund.org

1. Problemas e preconceitos

As pessoas com deficiências são, muitas vezes, levadas a sentirem-se excluídas da sociedade. Usamos a imagem de uma porta fechada, para mostrar que as atitudes negativas em relação a estas pessoas fazem com que elas não sejam ensinadas as habilidades ou recebam as oportunidades que podem melhorar a sua qualidade de vida. Às vezes, as crianças são escondidas atrás de portas fechadas.

Atitudes fatalistas

“Muitas das crianças são abandonadas. As pessoas acreditam em “carma” e têm um ponto de vista fatalista. Elas acham que as crianças com deficiências deveriam ser deixadas para morrer, para que possam voltar como pessoas melhores. Elas não entendem que estas crianças podem ser estimuladas para alcançar o seu potencial completo.”

(Christian Care Foundation, Tailândia)

Falta de apoio

“As pessoas com deficiências são toleradas pelas suas famílias e pelos seus vizinhos, mas são vistas como tendo pouco valor e pouco para contribuir na família ou na comunidade.”

(World Concern, RDP do Laos)

Vergonha

O preconceito social faz com que as pessoas com deficiências se sintam deixadas de fora. Elas geralmente não têm oportunidades para participar da comunidade.

“Os familiares sentem-se abandonados. Eles isolam a criança, até mesmo trancando-a, quando há visitas em casa.”

(Hezron Sande Likunda, Quênia – leitor da Passo a Passo)

Discriminação

São oferecidas poucas oportunidades para integrar as pessoas com deficiências à comunidade. Um exemplo é a discriminação na seleção de empregados.

A Christian Care Foundation na Tailândia ensinou um homem com pólio a usar computadores. “Ele poderia viver independentemente na comunidade, mas não há oportunidades para que ele o faça.”


2. Soluções

Entretanto, à medida que estas atitudes negativas começam a mudar, a porta começa a abrir-se. Todos nós podemos ajudar a tornar as atitudes em relação à deficiência mais positivas.

Desenvolvimento físico e mental

A Mediahouse, no Egito, criou um vídeo chamado Ten Small Steps (Dez Pequenos Passos), que oferece conselhos práticos aos pais sobre como estimular o desenvolvimento dos seus filhos com deficiências.

Desenvolvimento de habilidades

No Camboja, os “Servos dos Pobres Urbanos da Ásia” faz lobby para fazer com que as crianças com deficiências entrem para escolas normais. Na Malásia, a Malasyan CARE organiza um centro de treinamento para ajudar jovens com deficiências a desenvolver as suas habilidades sociais.

Superar o preconceito social

O Serviço de Reabilitação com Base na Comunidade do Nepal iniciou um programa de conscientização nas escolas usando a dramatização e a discussão.

Criar oportunidades

O Serviço de Reabilitação com Base na Comunidade do Nepal sempre emprega alguns funcionários com deficiências.

A Craft Aid de Maurício emprega 120 pessoas, das quais um terço têm deficiências. Elas produzem móveis, artesanato, jóias, marcadores de livros, presentes, açúcar, flores e mel.

3. O ponto de vista de Deus

A nossa meta deveria ser porta aberta. Uma porta aberta permite que as pessoas com deficiências vivam como Deus quer que vivam: sem preconceitos e com oportunidades para desempenhar um papel na comunidade que use o seu potencial completo.

Aceito

Criado à imagem de Deus

Amado incondicionalmente

Parte da comunidade

Valorizado

Questões para discussão

1 Que tipos de preconceito contra as pessoas com deficiências existem na sua comunidade ou no seu país?

2 Qual deveria ser a atitude cristã em relação às pessoas com deficiências?

3 A primeira porta mostra alguns dos problemas enfrentados. A segunda porta oferece algumas soluções para estes problemas. Você consegue pensar numa outra solução? Você consegue pensar em alguma solução possível para os preconceitos sobre os quais você discutiu na Questão 1?

4 O que você pode fazer para desafiar o preconceito contra a deficiência na sociedade em que vive: pessoalmente, como igreja, como organização?

5 O que você pode fazer para ajudar a incluir as pessoas com deficiências na sua comunidade: pessoalmente, como igreja ou como organização?

sábado, 27 de setembro de 2008

Cosmovisão - como está a sua?

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Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder. 11 Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo, 12 pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. 13 Por isso, vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois de terem feito tudo.” Efésios 6:10-13.

Cosmovisão é a maneira como vemos o mundo. Na luta, a principal estratégia é sempre iludir o inimigo, de modo que ele não perceba os sinais de um ataque e assim possa se preparar. O Diabo luta deste modo, com ciladas, ele se beneficia quando não enxergamos a realidade, mas deixamos nos enganar pelas camuflagens que ele utiliza. No texto acima, Paulo procura fornecer elementos para nossa fé, de modo que, crendo perfeitamente, possamos evitar as ilusões que impedem nosso triunfo espiritual. Vejamos que elementos são esses:

Ter - Eu tenho uma luta

…para poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo” Efésios 10:11

Ter coisas pode ser uma grande ilusão. A Bíblia fala disso, e até o mundo sabe. Você encontrará muitos textos afirmando, por exemplo, que ser é mais importante que ter. Mesmo assim, as pessoas continuam pensando que se tivessem um carro, uma casa, um milhão de euros… a vida seria melhor. Certamente as pessoas que pensam assim terão muita dificuldade em crer que o melhor que elas têm é uma luta contra o Diabo.

Obviamente, em nossos dias, não pensamos mais como os soldados na época de Paulo. Para nós, uma luta é algo perigoso e indesejável, para eles era como um esporte radical, a chance de “crescer na vida”. Os vencedores tomavam as riquezas dos vencidos e se tornavam ricos e influentes. Certamente a luta era uma oportunidade para eles, e é uma oportunidade para nós. Ao enfrentar o Diabo, temos a chance de saquear o inferno e tirar de lá os bens mais preciosos que são as vidas de homens e mulheres, crianças e jovens, prisioneiros do pecado. Esta sim é uma riqueza eterna!

Precisamos abrir os olhos e perceber a grande oportunidade que temos nas mãos: de lutar contra o Diabo e tomarmos dele uma riqueza eterna, que a ferrugem e a traça não destroem e o ladrão não pode roubar. Infelizmente, muitos crentes fogem dessa luta, se esquecem dela e vivem como se estivessem em um parque de diversões – com isso, o inimigo os ataca e vence facilmente. Para nos santificarmose viver em disciplina espiritual precisamos ver que estamos em um campo de batalha, 24 horas por dia, 7 dias por semana, cada ano de nossas vidas, até sermos chamados para o descanso.

Ser – Eu sou um soldado

Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder” Efésios 10:10

Muitos crentes têm uma visão pobre de si mesmos, eles acham que são vítimas, acham que são muito novos e inexperientes, acham que o inimigo será bondoso com eles e não os atacará com tanta severidade. Esses crentes não conhecem o Senhor que os alistou, não conhecem o inimigo que os ataca e não conhecem a si mesmos. Nós somos soldados – o Senhor não nos alistou para sermos reféns, nem vítimas, nem peso morto para os outros soldados!

Quando nos vemos como soldados, procuramos nos fortalecer, e o Senhor é uma fonte inesgotável de poder para nós. O Espírito Santo está disponível para nos encher de poder do alto, de modo que não andemos no campo de batalha desta vida como crianças indefesas, mas como soldados temíveis do Senhor, aterrorizando as forças do inimigo e marchando resolutos na vitória garantida em Cristo.

É assim que devemos ver a nós mesmos: como soldados. Se mantivermos esta visão de nosso ser, se nos percebermos como soldados, nossas atitudes serão coerentes com a realidade que nos cerca. Mas se perdermos esta visão, não nos prepararemos, não estaremos prontos e seremos vencidos ao menor ataque.

Fazer – Eu posso vencer

…para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis” Efésios 10:13

Os dias em que vivemos enchem nossa agenda de coisas para fazer. Esperamos obter solução para tudo trabalhando mais, pedindo um empréstimo, saindo de férias, consultando um médico ou fazendo mais um curso. Em que lugar de nossa agenda está o enfrentar e vencer o Diabo?

Uma agenda cheia de coisas para fazer é mais uma ilusão do inimigo para que nós não o ataquemos, não o enfrentemos. Fazendo tantas coisas nos tornamos desapercebidos, tão ocupados que nem percebemos as enormes oportunidades que temos de verdadeiramente vencer. Por outro lado, o inimigo procura nos enganar, fazendo-nos pensar que não pode ser vencido e nos desestimulando a tentar. Somente quando passamos a ver que temos condições de enfrentar o Diabo e colocá-lo em fuga, ficando firmes, é que nos dedicamos a fazer as coisas que realmente importam.

Nosso inimigo fará tudo para que não tenhamos a visão correta do que devemos fazer. Enquanto ficarmos confusos, sem um objetivo definido, fazendo coisas que não podem nos dar a vitória, ele continuará nos atacando e atacando as pessoas à nossa volta. Precisamos abrir os olhos para enxergar que vencer a luta espiritual é o melhor que podemos fazer com nossas forças, nosso tempo e nossos recursos.

Estar – Eu estou no exército

…pois a nossa luta não é contra seres humanos” Efésios 6:12

Dividir para vencer. Este era um princípio político e militar muito comum no pensamento do exército romano. O Diabo evita se dividir, mas sabe usar esse princípio contra nós. Quando o crente se sente sozinho, quando começa a pensar nos irmãos como pessoas distantes ou até como inimigos, o Diabo pode vencê-lo facilmente.

Tudo sobre as vitórias do exército romano estava ligado ao modo muito unido e coerente como seus soldados lutavam. Mas os midianitas, quando ouviram o som das trombetas de Gideão, atacaram uns aos outros. Assim há muitos crentes, eles estão atacando seus companheiros ou atacando as pessoas a quem o Diabo escravizou, e a quem deveriam libertar. E o Diabo, à margem dessa confusão, se ri da cegueira desses soldados e os vence facilmente. Aqueles midianitas acordaram no meio da escuridão sem saber onde estavam, qual era a situação ao seu redor e, por isso, agiram de maneira errada e foram vencidos.

Para vencer a nossa luta, precisamos enxergar além da escuridão desse mundo, perceber corretamente o ambiente e ver quem é nosso verdadeiro inimigo, mas principalmente ver que estamos no exército de Cristo, e os outros soldados que o Senhor colocou ao nosso lado fazem parte da nossa estratégia vitoriosa.

Crer corretamente acerca dessas coisas faz toda a diferença. Estes quatro elementos fundamentais estão no texto antes das armas, porque só nos armamos adequadamente no Espírito quando sabemos verdadeiramente o que temos, quem somos, o que fazemos e onde estamos. Só assim poderemos vencer esta luta e saquear o inferno tirando de lá as vidas preciosas que estão sob domínio do inimigo.

Estamos juntos nessa luta!!

1 Remanescente

Os “quatro elementos” fazem parte do Módulo das Escolas: Avançada de evangelização e Superior de Missões da AMME Evangelizar.
Conheça essas Escolas da AMME:

Avançada de Evangelização: http://www.evangelizabrasil.com/como-trabalhamos/oficinas-da-evangelizacao

Superior de missões:

http://www.evangelizabrasil.com/como-trabalhamos/escola-superior-de-missoes

domingo, 21 de setembro de 2008

Novo blog: CIDADANIA EVANGÉLICA

Caros amigos e leitores, venho apresentar-lhes um novo blog que iniciei, o Cidadania Evangélica (http://cidadaniaevangelica.blogspot.com/). A temática? Tudo que envolva e relacione o Evangelho e os evangélicos às causas sociais, passando pelo conceito de Missão Integral (que tem em Ariovaldo Ramos um de seus defensores), oferecendo também dicas de cidadania, direitos e deveres, saúde, ampla rede de links de instituições de ação social (evangélicas ou seculares), serviços e utilidades para o cidadão, e artigos e endereços sobre a questão do tratamento de dependentes químicos. Além disso, o blog será também local para a exposição e discussão dos grandes temas sociais do Brasil e do mundo, como por exemplo, a lei da homofobia (sempre no objetivo de informar/despertar/convidar a Igreja a tomar partido ativo em tais questões). Iremos também até coisas mais amenas como exposição de técnicas de como criar uma horta caseira, dicas de reciclagem e etc. Enfim, pretende-se criar aqui um ‘clipping’ ou colagem de artigos relevantes, oriundos de quaisquer fontes, quer seculares ou evangélicas. Pois tenho visto que é necessário despertar aquela grande parcela da igreja que ainda dorme ou engatinha em tais questões.

Amados, o interessante é que este é um blog aberto para colaboradores, um blog coletivo. Caso você seja cristão evangélico e participe ou sinta interesse em obras sociais, e creia que pode contribuir com este projeto, desde já lhe convido para ser colaborador ativo deste blog, com direito a efetuar postagens. Visite o blog, e caso sinta afinidade com este pequeno projeto, entre em contato.
E mesmo que você não queira ser colaborador direto do blog, lhe convido a colaborar enviando textos (seus ou de terceiros), dicas de links e sugestões. E também lhe convido a trocarmos links.

Irmãos, colaboradores são sumamente necessários. Meu tempo é escasso, pois mantenho ou colaboro num bom número de blogs. Mas não crio um blog por ‘capricho’. Como já expus em nossos debates da UBE, tento manter uma visão estratégica da blogosfera, que é a de fechar lacunas e ocupar espaços. ‘O que está faltando?’, é a pergunta que faço a mim mesmo e a Deus. Tem sido assim com os outros blogs que mantenho. Enriquecer a blogosfera evangélica, agregar valor informativo e expandir nossos horizontes. Com muita humildade, como o trabalho das formiguinhas. Para glorificar ao Senhor!

Visite, colabore, divulgue!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

INTEGRIDADE PASTORAL


Por: Pr. Nelson Bomilcar

Pastorearei o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho” (1 Pedro 5.2)

10 “O ladrão vem somente para roubar; matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. 11 Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas 12 O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. 13 O mercenário foge , porque é mercenário e não tem cuidado das ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, 15 assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.”

1. Introdução

Com temor e tremor, compartilho sobre integridade pastoral. Tema difícil para qualquer pregador ou pastor, pois é necessário um auto-exame para ver onde de fato estamos nesta caminhada e busca de integridade em nossa vocação pastoral. Sei quem sou, de onde vim, conheço meus pecados e quanto necessito da graça do Senhor para continuar no pastorado.

Penso até que tantos pastores, já de cabelos brancos e em final de caminhada e ministério, que foram e são mentores e referencias para mim hoje de integridade pastoral, poderiam falar com mais propriedade. Muitos deles, heróis anônimos que com fidelidade e perseverança cuidaram do rebanho do Senhor em circunstância adversas, em meio à contínuas provas e desertos, longe dos holofotes e palcos, de maneira humilde e despretensiosa. Até porque integridade não é uma qualidade que nasce intrínsicamente conosco. Antes, é um movimento e construção em nossa personalidade e caráter de fora para dentro; é um valor ou virtude que vai sendo desenvolvida em nós pacientemente por Deus nosso Pai, através da ação contínua de Seu Espírito, à medida que aprofundamos nosso relacionamento com Ele.

Temos que reconhecer que muitas mudanças ocorreram quanto ao entendimento da vocação e trabalho pastoral. Uma nova cultura da vocação e atuação pastoral ganha terreno na igreja em nosso século; muitos estão confusos quanto ao papel do pastor na vida da igreja. As instituições de ensino teológico, principalmente na América, desde o século passado, tem abraçado, modelos secularizados de gestão e se tornaram reducionistas quanto à atuação pastoral. O cerne e foco essencial está no Fazer do pastorado e não no Ser.

Como nos chama a atenção do Pr. Ricardo Barbosa, “estas mudanças são de natureza semântica e que trouxeram desdobramentos na atuação pastoral e na vida da igreja”. Líder e terapeuta, palavras incorporadas na descrição da vocação pastoral nos dias de hoje, não aparecem durante 20 séculos de vocação e modelo pastoral. Palavras estas que não são necessariamente incorretas, mas que trazem uma nova compreensão e descrição do trabalho pastoral, modelada em imagens do executivo ou administrador, isto é, de um profissional dentro de estruturas eclesiásticas.

O Dr. J. Packer, escritor e teólogo renomado, em uma de suas palestras/aula no Regent College onde estudei, disse que esta nova imagem de liderança, vem ao longo dos anos, corrompendo a vocação genuína do pastor e também a imagem correta do Deus Pastor, tão bem descrito no Salmo 23.

Precisamos recuperar a visão correta da vocação pastoral e de próprio Deus a quem servimos, pois Ele nos vocaciona, capacita e envia como referências, como guias espirituais para um rebanho sedento de pastores-pastores, que, com amor e compaixão, consagram seu tempo em ouvir o clamor de almas cansadas, aflitas, ovelhas que estão em busca de orientação espiritual e transformação, pessoas a quem Jesus se entregou e deu sua vida.

É oportuno refletirmos um pouco sobre a integridade do ministério pastoral, para instrução, para ensino, para termos referênciais corretas e expectativas maduras sobre o pastorado, já que distorcemos ou temos perdido através dos anos em nossa cultura, a natureza desta vocação e ministério.

2. Desenvolvimento

O que temos que buscar ou fazer para sermos íntegros e vivermos na integridade de nossa vocação?

1. A integridade de nosso amor a Deus!

Nosso relacionamento pessoal com Deus e na vivência da vocação pastoral é fundamentada em um COMPROMISSO DE AMOR. Dt. 6:5 “Amarás o Senhor teu Deus de todo o seu coração, de toda a tua alma e de toda sua força”. No contexto de Deuteronômio, para amar a Deus e cultivar este amor é necessário um abandono de falsos deuses em nossas vidas. Nossa família, nossa formação e conhecimento, nossa denominação, nossa igreja local, nosso ministério, tornam-se objeto de culto muitas vezes.

Nosso amor a Deus é o combustível para honrarmos seu chamado e sermos íntegros no exercício de nossa vocação. Tomar cuidado para não transformarmos nossa vocação em carreira profissional é prudente e sábio. Cumprimos nossa vocação movidos pelo amor a Deus é essencial.

Só assim a oração, a meditação na Palavra e a prática da direção espiritual não se tornam funcionais, apenas tarefas. Amor a Deus é demonstrado numa vida de obediência aos seus mandamentos. “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama”. A pergunta do Senhor a cada um de nós continua? Pedro, tu me amas? Nelson, tu me amas? Fabrício, tu me amas? Deus ainda nos convida a sermos pastores, mesmo com a imperfeição do nosso amor! “Vá e apascente minhas ovelhas”.

2. Integridade com a natureza e conteúdo de nossa vocação

Temos que nos balizar no que a revelação bíblica fala sobre o pastorado.

Primeiramente vemos que os apóstolos mostraram e ensinaram que todos os cristão deveriam cuidar uns dos outros com amor disposição e em constante oração (Gl 6.1-2; Hb 12.15-16; 1Jo 3.16-18; 5.16). Apesar desta instrução, designaram também para cada congregação guias espirituais, supervisores chamados de “presbíteros” ou “anciãos” (At 14.23; Tt 1.5), que deveriam cuidar do povo de Deus como os pastores cuidam das ovelhas (At 20.28-31; 1Pe 5.1-4), conduzindo-os mediante seu exemplo.

Em virtude de seu papel no Corpo de Cristo, os presbíteros são também chamados “pastores” (Ef 4.11) e “bispos” (supervisores) (At 20.28; cf. 17; Tt 1.7; cf v.5; 1 Pe 5.1-2) e são chamados por outros termos que expressam liderança, apesar de não encontrarmos a palavra líder no Novo Testamento (1 Ts 5.12; Hb 13.7, 17, 24).

As ovelhas da congregação, por seu lado, devem então reconhecer a autoridade dada por Deus a seus guias (referênciais) espirituais e seguir a orientação deles (Hb 13.17). Quem não reconhece a autoridade neles, esta recusando a autoridade de Cristo em suas vidas. A congregação deve também sustentar em oração (1 Tm 2.1-3) e também materialmente, pois “devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Tm 5.18)

O modelo do pastorado aparece no Antigo Testamento, onde Deus é o Pastor de Israel (Sl 80.1). Vemos reis, sacerdotes, profetas e anciões chamados a agir como ministros de Deus, no papel de pastores subordinados (Nm 11.24-30). No Novo Testamento, Jesus é conhecido como o Bom Pastor (Jô 10.11-30) e Supremo Pastor (1 Pe 5.4), e os pastores são seus subordinados.

O modelo de Jesus é conhecido como o Bom Pastor, é aquele que orienta, que serve com amor, compaixão e constância, que cuida, alimenta, protege, cura, discípula, treina, disciplina, caminha junto e não à distância; relaciona-se com seus discípulos e ovelhas, fazendo deles, não só servos, mas amigos de Deus (Jô 15.15).

3. Integridade em nossa atuação pastoral

O pastor Eugene Peterson, escritor e professor de teologia espiritual e pastoral, ensina que “os pastores são chamados prioritariamente para cuidar de almas, de pessoas; são chamados para levar pessoas à presença de Deus, a comungarem com Deus. Devem ser homens de oração e da Palavra”, isto é, que buscam diligentemente desenvolver estas disciplinas espirituais.

O trabalho de orientação espiritual é fundamental, precisa ser resgatado na compreensão da igreja quanto ao pastorado e não ser desprezado por aqueles que tem a vocação pastoral. Junto com a oração e meditação na Palavra, é um aspecto relevante, mas desprezado em nossa cultura.

O orientador espiritual não perde o foco e dá atenção aos detalhes específicos dos incidentes diários e às ocorrências cotidianas da vida contemporânea. O orientador espiritual resiste à pressão de moldar seu trabalho pastoral pelos padrões empresariais. A orientação espiritual é a tarefa de ajudar uma pessoa ou ovelha a levar a sério o que é deixado de lado pela mente no dia a dia, tomada por outros atrativos e pela constante presença de crises. É levar a sério com atenção e imaginação disciplinadas, o que os outros vêem casualmente ou sem nenhuma importância. “Ore por mim”, um pedido simples e aparentemente despretensioso que acontece no cotidiano, recebe a máxima atenção do orientador espiritual e é priorizado.

O pastor leva a sério os momentos em que os sinais de transcendência e atuação de Deus se manifestam no meio de nossas rotinas de explosão do louvor, da angústia de culpa, dos ataques de dúvidas semanais, do tédio em orar, meditar e adorar. Não desvia a sua atenção para os clamores da cultura de realizar grandes feitos ou programas mobilizadores, que perdeu a noção do que é realmente importante e fundamental e que não se submete às nossas urgências e pressa.

Manifestações de Deus no dia a dia, no comum da vida, são sinais centrais e não periféricos na atividade pastoral e temos que encarar estes atos como eternos e não efêmeros, essênciais e não acidentais.

Orientar espiritualmente é ajudar as pessoas a buscarem a santidade pessoal a pensarem em Deus, nos seus valores, e moldar o coração e à vida na obediência de Sua Palavra.

George Foster e Dr. Billy Graham concordaram que a administração e gestão de estruturas inicialmente criadas para ajudar a vida na igreja, é uma conseqüência da atividade pastoral, enriquecida e exercida por outros membros da igreja capacitados nesta área. Afinal, a igreja é, na linguagem do apóstolo Pedro, uma comunidade de pedras que vivem, de pessoas únicas amadas por Deus, com histórias únicas e não de peças descartáveis de uma máquina.

Pastores como Jesus devem conduzir o rebanho de Deus com uma espiritualidade simples e profunda, construída na oração, meditação e estudo da Palavra. Pastores como Jesus buscam intimidade com o Pai, sendo exemplo em seu estilo de vida bem ordenado e caráter maduro (1Tm 3.1-7) e em relacionamentos sinceros e saudáveis.

Esta essência no trabalho pastoral é na maioria das vezes, uma atividade silenciosa, longe dos holofotes, sem muito brilho, sem muito reconhecimento, que não atende o clamor do povo das grandes atividades mobilizadoras e realizadoras, mas é o coração do ministério pastoral. Não existe quase nenhum reconhecimento das ovelhas por isso, mas total reconhecimento de Deus e justa recompensa no futuro.

Pastores como Jesus procuram ouvir e conhecer a Deus, e estão diligentemente chamando a atenção das ovelhas para ouvirem, discernirem e obedecerem à voz do Senhor em Sua Palavra, fazendo a Sua vontade. Pastores como Jesus não subestimam a Satanás, reconhecem as estratégias do lobo, do inimigo de nossas almas, que tenta atacar e se misturar ao rebanho para causar baixas, roubar, matar e destruir. Pastores como Jesus resistem ao lobo, defendem e protegem as ovelhas e expulsa-o das proximidades.

Pastores como Jesus não aceitam o pecado que “tenazmente nos assedia”; rechaçam-no com firmeza e procuram ensinar as ovelhas a se lavarem no sangue de Cristo quando pecam, mostrando o caminho da confissão, do quebrantamento e da humildade. Pastores como Jesus reconhecem sua humildade e portanto, identificam-se com suas ovelhas em suas dores e limitações. Pastores como Jesus “se encarnam”, tornam-se iguais às ovelhas, isto é, reconhecem que são ovelhas também do rebanho do Supremo Pastor.

Pastores verdadeiros confiam e reconhecem o poder e autoridade de Cristo e ajudam as ovelhas a aprender o caminho da dependência e submissão em obediência à esta autoridade. Pastores como Jesus buscam sempre agradar a Deus e não a homens, ensinam todo o conselho de Deus e não só a parte da mensagem.

Pastores como Jesus reconhecem que o sofrimento faz parte da vida das ovelhas e é instrumento de Deus para crescimento, fortalecimento e aprendizado.

O Dr. James Houston, teólogo, pensador cristão e pastor, tem ensinado que os verdadeiros pastores, servos com coração pastoral, não são os que estão necessariamente à frente, ou brilhando do alto dos púlpitos ou ministérios, mas são os que estão atrás e no meio do rebanho, com o cajado e vara, encorajando os que desanimam, levantando os caídos, protegendo as ovelhas, trazendo esperança aos que estão descrendo e ajudando-os a perseverar na vida cristã, curando as feridas da alma das ovelhas, acolhendo os pecadores cansados e oprimidos, corrigindo e alimentando os que se afastaram do rebanho.

Que imagem fiel e bonita do pastor, mas quanta distância do que vemos hoje no meio evangélico. Uma geração de pastores e ovelhas que infelizmente abraçaram conceitos sobre liderança pastoral baseados em moldes empresariais secularizados, ovelhas que não desejam mais pastor-pastor, mas que “projetam suas frustrações pessoais em cima dos que estão à frente, criando expectativas erradas da atuação pastoral, sobrecarregando com exigências que jamais foram solicitadas por Deus” (Larry Crabb).

Um outro aspecto interessante: alguns presbíteros, mas não todos, ensinam.(em 1 Tm 5.17; Tt 1.9; Hb 13.7, e Ef 4.11-16 lemos que Cristo deu à igreja “pastores e mestres” para equipar cada um para o serviço). Na visão apostólica de liderança congregacional, provavelmente existiram mestres que não eram presbíteros, bem como presbíteros que não ensinavam, e, também aqueles que tanto ensinavam como governavam.

Pastores são ministros da graça de Deus. Não tem nada para oferecerem de si mesmos a não ser “suas próprias inutilidades e limitações” (Henry Nouwen). Paulo, o apóstolo, entende que é um “servo inútil” já em final de ministério. Ao reconhecer sua incapacidade e finitude, o pastor se torna instrumento do amor e graça de Jesus. O que os pastores tem a oferecer são suas próprias vidas dedicadas ao Senhor e às ovelhas, para que as elas conheçam, amem, obedeçam e andem na amizade e presença do Pai e glorifiquem a Deus aqui.

Pastores como Jesus se alegram e se realizam ao ver a manifestação do Senhor na vida das ovelhas; sentem-se recompensados em serem usados por Deus, quando há restauração na vida do rebanho e em seus relacionamentos, conversão dos maus caminhos, transformações na mente, coração, caráter e temperamento; sentem-se recompensados quando percebem que as ovelhas estão levando a Palavra de Deus a sério, vivendo os valores do reino e servindo ao Pai na obra, tornando-se mais parecidos com Cristo.

Pastores como Jesus sabem que não devem esperar reconhecimento humano; pelo contrário, devem ter consciência que é uma tarefa difícil, sujeita a profundas lutas espirituais, tentações, desertos, humilhações, traições, mas que a justiça recompensa virá das mãos Daquele que o chamou e vocacionou e que prometeu sua companhia e capacitação. “Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa de glória” 1 Pe 5.4

Fonte: http://setiar.blogspot.com

terça-feira, 19 de agosto de 2008

MISSÕES, MISSIONÁRIOS E AGÊNCIAS MISSIONÁRIAS: LISTA E LINKS

MISSÕES E AGÊNCIAS MISSIONÁRIAS:

ACRÉSCIMOS RECENTES:


MISSIONÁRIOS E PASTORES:


RECURSOS ÚTEIS:

  • TEARFUND (recursos e informações para Missão Integral)

    • FONTE: Blog Veredas Missionárias - www.veredasmissionarias.blogspot.com

      Ao reproduzir a lista, cite a fonte. E lembramos que novos links estarão sendo acrescentados aqui, ao longo do tempo (bem como e prioritariamente no blog Veredas Missionárias). Por isso, caso você queira pôr um link em seu blog (por exemplo, para 'LINKS DE MISSÕES'), direto para cá, fique à vontade.
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    domingo, 17 de agosto de 2008

    Em missão, aqui e agora

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    P
    aulo não nos permitirá a compensação por negligenciarmos os que estão mais próximos de nós ao alardearmos a nossa compaixão por aqueles que estão em outro continente. Jesus, é necessário lembrar, restringiu nove décimos de seu ministério a doze judeus porque essa era a única maneira de redimir todos os americanos. Ele não poderia ser incomodado, diz Martin Thornton, com os cananitas estrangeiros porque sua obra foi a de salvar o mundo inteiro. O cheque para a criança faminta ainda deve ser preenchido e o missionário enviado, mas como uma extensão daquilo que estamos fazendo em casa, e não como uma isenção disso.

    Pois tudo o que sabemos sobre a Palavra de Deus se resume em uma única sentença: ame os outros como você ama a si mesmo. Esse é um ato de verdadeira liberdade.
    Gálatas 5.14

    Eugene Peterson - http://www.cristianismohoje.com.br
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    segunda-feira, 28 de julho de 2008

    David Brainerd - Um arauto aos peles-vermelhas (1718-1747)


    Certo jovem, franzino de corpo, mas tendo na alma o fogo do amor aceso por Deus, encontrou-se na floresta, para ele desconhecida. Era tarde e o sol já declinava até quase desaparecer no horizonte, quando o viajante, enfadado da longa viagem, avistou a fumaça das fogueiras dos índios "peles-vermelhas". Depois de apear e amarrar seu cavalo, deitou-se no chão para passar a noite, agonizando em oração.

    Sem ele o saber, alguns dos silvícolas o haviam seguido silenciosamente, como serpentes, durante a tarde. Agora estacionavam atrás dos troncos das árvores para contemplar a cena misteriosa de um vulto de cara pálida, sozinho, prostrado no chão, clamando a Deus.

    Os guerreiros da vila resolveram matá-lo, sem demora, pois, diziam, os brancos davam uma aguardente aos peles-vermelhas, para, enquanto bêbados, levar-lhes as cestas e as peles de animais, e roubar-lhes as terras. Mas depois de cercarem furtivamente o missionário, que orava,prostrado, e ouvirem como clamava ao "Grande Espírito", insistindo que lhes salvasse a alma, eles partiram tão secretamente como chegaram.

    No dia seguinte, o moço, não sabendo o que acontecera em redor, enquanto orava no ermo, foi recebido na vila de uma maneira não esperada. No espaço aberto entre as "wigwams" (barracas de peles) os índios o cercaram e o moço, com o amor de Deus ardendo na alma, leu o capítulo 53 de Isaías. Enquanto pregava, Deus respondeu a sua oração da noite anterior e os silvícolas ouviram o sermão, com lágrimas nos olhos.

    Esse cara-pálida chamava-se Davi Brainerd. Nasceu em 20 de abril de 1718. Seu pai faleceu quando Davi tinha 9 anos de idade, e sua mãe, filha dum pregador, faleceu quando ele tinha 14 anos.

    Acerca de sua luta com Deus, no tempo da sua conversão, na idade de vinte anos, ele escreveu. "Designei um dia para jejuar e orar, e passei esse dia clamando quase incessantemente a Deus, pedindo misericórdia e que ele abrisse meus olhos para a enormidade do pecado e o caminho para a vida em Jesus Cristo... Contudo, continuei a confiar nas boas obras... Então, uma noite andando na roça, foi me dada uma visão da grandeza do meu pecado, parecendo-me que a terra se abrira por baixo dos meus pès para me sepultar e que a minha alma iria ao Inferno antes de eu chegar em casa...

    Certo dia, estando longe do colégio, no campo, sozinho em oração, senti tanto gozo e doçura em Deus, que, se eu devesse ficar neste mundo vil, queria permanecer contemplando a glória de Deus. Senti na alma um profundo amor ardente para com todos os homens e anelava que eles desfrutassem desse mesmo amor de Deus.

    "No mês de agosto, depois, senti-me tão fraco e doente, como resultado de aplicar-me demais aos estudos, que o diretor do colégio me aconselhou a voltar para casa. Estava tão fraco que tive algumas hemorragias. Senti-me perto da morte, mas Deus renovou em mim o conhecimento e o gosto das coisas divinas. Anelava tanto a presença de Deus e ficar livre do pecado, que, ao melhorar, preferia morrer a voltar ao colégio, e me afastar de Deus...Oh! uma hora com Deus excede infinitamente todos os prazeres do mundo."

    De fato, depois de voltar ao colégio, Brainerd esfriou em espírito, mas o Grande Avivamento, dessa época, alcançou a cidade de New Haven, o colégio de Yale e o coração de Davi Brainerd. Ele tinha o costume de escrever diariamente uma relação dos acontecimentos mais importantes da sua vida, passados durante o dia.

    É por esses diários escritos para si próprio e não para o mundo ler, que sabemos da sua vida íntima de profunda comunhão com Deus. Os seguintes poucos trechos servem como amostras do que ele escreveu em muitas páginas de seu diário e descobrem algo de sua luta com Deus, enquanto estudava para o ministério:"Fui tomado repentinamente pelo horror da minha miséria. Então clamei a Deus, pedindo que me purificasse da minha extrema imundícia. Depois a oração se tornou mui preciosa para mim. Ofereci-me alegremente para passar os maiores sofrimentos pela causa de Cristo, mesmo que fosse para ser desterrado entre os pagãos, desde que pudesse ganhar suas almas.

    Então Deus me deu o espírito de lutar em oração pelo reino de Cristo no mundo. "Retirei-me cedo, de manhã, para a floresta, e foi-me concedido fervor em rogar pelo avanço do reino de Cristo no mundo. Ao meio-dia, ainda combatia em oração a Deus, e sentia o poder do divino amor na intercessão.

    "Passei o dia em jejum e oração, implorando que Deus me preparasse para o ministério, e me concedesse auxílio divino e direção, e que ele me enviasse para a seara no dia que ele designasse. Pela manhã, senti poder na intercessão pelas almas imortais e pelo progresso do reino do querido Senhor e Salvador no mundo...

    À tarde, Deus estava comigo de verdade. Quão bendita a sua companhia! Ele me concedeu agonizar em oração até ficar com a roupa encharcada de suor, apesar de eu me achar na sombra, e de soprar um vento fresco. Sentia a minha alma grandemente extenuada pela condição do mundo: esforçava-me para arrebatar multidões de almas. Sentia-me mais dilatado pelos pecadores do que pelos filhos de Deus, contudo anelava gastar a minha vida clamando por ambos."Passei duas horas agonizando pelas almas imortais. Apesar de ser ainda muito cedo, meu corpo estava molhado de suor... Se eu tivesse mil vidas, a minha alma as teria dado pelo gozo de estar com Cristo...

    "Dediquei o dia para jejuar e orar, implorando a Deus que me dirigisse e me abençoasse na grande obra que tenho perante mim, a de pregar o Evangelho. Ao anoitecer, o Senhor me visitou maravilhosamente na oração; senti a minha alma angustiada como nunca... Senti tanta agonia que me achava ensopado de suor. Oh! e Jesus suou sangue pelas pobres almas! Eu anelava mostrar mais e mais compaixão para com elas.

    "Cheguei a saber que as autoridades esperam a oportunidade de me prender e encarcerar por ter pregado em New Haven. Fiquei mais sóbrio e abandonei toda a esperança de travar amizade com o mundo. Retirei-me para um lugar oculto na floresta e coloquei o caso perante Deus."

    Completados os seus estudos para o ministério, ele escreveu:
    "Preguei o sermão de despedida ontem, à noite. Hoje, pela manhã orei em quase todos os lugares por onde andei, e, depois de me despedir dos amigos, iniciei a viagem para o habitat dos índios."

    Essas notas do diário revelam, em parte, a sua luta com Deus enquanto estudava para o ministério. Um dos maiores pregadores atuais, referindo-se a esse diário, declarou: "Foi Brainerd quem me ensinou a jejuar e orar. Cheguei a saber que se fazem maiores coisas por meio de contato cotidiano com Deus do que por pregações."

    No início da história da vida de Brainerd, já relatamos como Deus lhe concedeu entrada entre os silvícolas violentos, em resposta a uma noite de oração, prostrado em terra, nas profundezas da floresta. Mas, apesar de os índios lhe darem a toda hospitalidade, concedendo-lhe um lugar para dormir sobre um pouco de palha e, ouvirem o sermão, comovidos, Brainerd não estava satisfeito e continuava a lutar em oração, como revela seu diário:

    "Continuo a sentir-me angustiado. À tarde preguei ao povo, mas fiquei mais desanimado acerca do trabalho do que antes; receio que seja impossível alcançar as almas. Retirei-me e derramei a minha alma pedindo misericórdia, mas sem sentir alívio.

    "Completo vinte e cinco anos de idade hoje. Dói-me a alma ao pensar que vivi tão pouco para a glória de Deus. Passei o dia na floresta sozinho, derramando a minha queixa perante o Senhor.

    "Cerca das nove horas, saí para orar na mata. Depois do meio-dia, percebi que os índios estavam se preparando para uma festa e uma dança... Em oração, senti o poder de Deus e a minha alma extenuada como nunca antes na minha vida. Senti tanta agonia e insisti com tanta veemência que, ao levantar-me, só consegui andar com dificuldade. O suor corria-me pelo rosto e pelo corpo. Reconheci que os pobres índios se reuniam para adorar demônios e não a Deus; esse foi o motivo de eu clamar a Deus, que se apressasse em frustrar a reunião idólatra. Assim, passei a tarde orando incessantemente, pedindo o auxílio divino para que eu não confiasse em mim mesmo.

    O que experimentei, enquanto orava, foi maravilhoso. Parecia-me que não havia nada de importância em mim, a não ser santidade de coração e vida, e o anelo pela conversão dos pagãos a Deus. Desapareceram todos os cuidados, receios e anelos; todos juntos pareciam-me de menor importância que o sopro do vento. Anelava que Deus adquirisse para si um nome entre os pagãos e lhe fiz o meu apelo com a maior ousadia, insistindo em que ele reconhecesse que eu 'o preferia à minha maior alegria.' De fato, não me importava onde ou como morava, nem da fadiga que tinha de suportar, se pudesse ganhar almas para Cristo. Continuei assim toda a tarde e toda a noite."

    Assim revestido, Brainerd, pela manhã, voltou da mata para enfrentar os índios, certo de que Deus estava com ele, como estivera com Elias no monte Carmelo. Ao insistir com os índios para que abandonassem a dança, eles, em vez de matá-lo, desistiram da orgia e ouviram a sua pregação, de manhã e à tarde.
    Depois de sofrer como poucos sofrem, depois de se esforçar de noite e de dia, depois de passar horas inumeráveis em jejum e oração, depois de pregar a Palavra "a tempo e fora de tempo", por fim, abriram-se os céus e caiu o fogo. Os seguintes excertos do seu diário descrevem algumas dessas experiências gloriosas:

    "Passei a maior parte do dia em oração, pedindo que o Espírito fosse derramado sobre o meu povo... Orei e louvei com grande ousadia, sentindo grande peso pela salvação das preciosas almas. "Discursei à multidão extemporaneamente sobre Isaías 53.10: Todavia, o Senhor agradou moê-lo'. Muitos dos ouvintes entre a multidão de três a quatro mil, ficaram comovidos a ponto de haver um 'grande pranto, como o pranto de Hadadrimom'. [Ver Zacarias 12.11)

    "Enquanto eu andava a cavalo, antes de chegar ao lugar para pregar, senti o meu espírito restaurado e a minha alma revestida com o poder para clamar a Deus, quase sem cessar, por muitos quilômetros a fio.

    "De manhã, discursei aos índios onde nos hospedamos. Muitos ficaram comovidos e, ao falar-lhes acerca da salvação da sua alma, as lágrimas correram abundantemente e eles começaram a soluçar e a gemer. À tarde, voltei ao lugar onde lhes costumava pregar; eles ouviram com a maior atenção quase até o fim. Nem a décima parte dos ouvintes pôde conter-se de derramar lágrimas e clamar amargamente. Quanto mais eu falava do amor e compaixão de Deus, ao enviar seu Filho para sofrer pelos pecados dos homens, tanto mais aumentava a angústia dos ouvintes. Foi para mim uma surpresa notar como seus corações pareciam traspassados pelo terno e comovente convite do Evangelho, antes de eu proferir uma única palavra de terror.

    "Preguei aos índios sobre Isaías 53.3-10. Muito poder acompanhava a Palavra e houve grande convicção entre os ouvintes; contudo, não tão geral como no dia anterior. Mas a maioria ficou comovida e em grande angústia de alma; alguns não podiam caminhar, nem ficar em pé: caíam no chão como se tivessem o coração traspassado e clamavam sem cessar, pedindo, misericórdia... Os que vieram de lugares distantes foram levados logo à convicção, pelo Espírito de Deus.

    "À tarde, preguei sobre Lucas 15.16-23. Havia muita convicção visível entre os ouvintes, enquanto eu discursava; mas, ao falar particularmente, depois, a alguns que se mostravam comovidos, o poder de Deus desceu sobre o auditório 'como um vento veemente e impetuoso e varreu tudo de uma maneira espetacular.

    "Fiquei em pé, admirado da influência que se apoderou do auditório quase totalmente. Parecia, mais que qualquer outra coisa, a força irresistível de uma grande correnteza, ou dilúvio crescente, que derrubava e varria tudo que encontrava na sua frente.

    "Quase todos oravam e clamavam, pedindo misericórdia, e muitos não podiam ficar em pé. A convicção que cada um sentiu foi tão grande, que pareciam ignorar por completo os outros em redor, mas cada um continuava a orar por si mesmo. "Lembrei-me de Zacarias 12.10-12, porque havia grande pranto como o pranto de 'Hadadrimom', parecendo que cada um pranteava à parte.

    "Parecia-me um dia muito semelhante ao dia em que Deus mostrou seu poder a Josué (Josué 10.14), porque era um dia diferente de qualquer dia que tinha presenciado antes, um dia em que Deus fez muito para destruir o reino das trevas entre esse povo".

    É difícil reconhecer a magnitude da obra de Davi Brainerd entre as diversas tribos de índios, nas profundezas das florestas; ele não entendia os seus idiomas. Se lhes transmitia a mensagem de Deus ao coração, deveria achar alguém que pudesse servir como intérprete. Passava dias inteiros simplesmente orando para que viesse sobre ele o poder do Espírito Santo com tanto poder, que esse povo não pudesse resistir à mensagem. Certa vez teve que pregar por meio de um intérprete tão bêbado, que quase não podia ficar em pé, contudo, vintenas de almas foram convertidas por esse sermão.

    Ele andava, às vezes, perdido de noite no ermo, apanhando chuva e atravessando montanhas e pântanos. Franzino de corpo, cansava-se nas viagens. Tinha que suportar o calor do verão e o intenso frio do inverno. Dias a fio passava-os com fome. Já começava a sentir a saúde abalada e estava a ponto de casar-se (sua noiva era Jerusa Edwards, filha de Jônatas Edwards) e estabelecer um lar entre os índios convertidos ou voltar e aceitar o pastorado de uma igreja que o convidava. Contudo, reconhecia que não podia viver, por causa da sua doença, mais que um ou dois anos e resolveu então ''arder até o fim".

    Assim, depois de ganhar a vitória em oração, clamou: "Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim até os confins da terra; envia-me aos selvagens do ermo; envia-me para longe de tudo que se chama conforto da terra; envia-me mesmo para a morte, se for no teu serviço e para promover o teu reino..."

    Então acrescentou: "Adeus amigos e confortos terrestres, mesmo os mais anelados de todos. Se o Senhor quiser, gastarei a minha vida, até os últimos momentos, em cavernas e covas da terra, se isso servir para o progresso do Reino de Cristo."

    Foi nessa ocasião que escreveu: "Continuei lutando com Deus em oração pelo rebanho aqui e, especialmente, pelos índios em outros lugares, até a hora de deitar-me. Oh! como senti ser obrigado a gastar o tempo dormindo! Anelava ser uma chama de fogo, constantemente ardendo no serviço divino e edificando o reino de Deus, até o último momento, o momento de morrer."

    Por fim, depois de cinco anos de viagens árduas no ermo, de aflições inumeráveis e de sofrer dores incessantes no corpo, Davi Brainerd, tuberculoso e com as forças físicas quase inteiramente esgotadas, conseguiu chegar à casa de Jônatas Edwards.

    O peregrino já completara a sua carreira terrestre e esperava o carro de Deus para levá-lo à Glória. Quando, no seu leito de sofrimento, viu alguém entrar no quarto com a Bíblia, exclamou: "Oh! o querido Livro! Breve hei de vê-lo aberto. Os seus mistérios me serão então desvendados!"

    Minguando sua força física e aumentando sua percepção espiritual, falava com mais e mais dificuldade: "Fui feito para a eternidade. Como anelo estar com Deus e prostrar-me perante Ele! Oh! que o Redentor pudesse ver o fruto do trabalho da sua alma e ficar satisfeito! Oh! vem,Senhor Jesus! Vem depressa! Amém!" - e dormiu no Senhor.

    Depois desse acontecimento, a noiva de Brainerd, Jerusa Edwards, começou a murchar como uma flor e, quatro meses depois também foi morar na cidade celeste. Dum lado do seu túmulo, está o de Davi Brainerd e do outro lado está o túmulo de seu pai, Jônatas Edwards.

    O desejo veemente da vida de Davi Brainerd era o de arder como uma chama, por Deus, até o último momento, como ele mesmo dizia: "Anelo ser uma chama de fogo, constantemente ardendo no serviço divino, até o último momento, o momento de falecer."

    rainerd findou a sua carreira terrestre aos vinte e nove anos. Contudo apesar de sua grande fraqueza física, fez mais que a maioria dos homens faz em setenta anos.
    Sua biografia, escrita por Jônatas Edwards e revisada por João Wesley, teve mais influência sobre a vida de A. J. Gordon do que qualquer outro livro, exceto a Bíblia.

    Guilherme Carey leu a história da sua obra e consagrou a sua vida ao serviço de Cristo, e nas trevas da Índia! Roberto McCheyne leu o seu diário e gastou a sua vida entre os judeus. Henrique Martyn leu a sua biografia e se entregou para consumir-se dentro de um período de seis anos e meio no serviço de seu Mestre, na Pérsia.

    O que Davi escreveu a seu irmão, Israel Brainerd, é para nós um desafio à obra missionária: "Digo, agora, morrendo, não teria gasto a minha vida de outra forma, nem por tudo que há no mundo."

    Texto: Livro Heróis da Fé de Orlando S. Boyer, Edições CPAD
    Do blog http://robespierremachado.blogspot.com/