quarta-feira, 4 de junho de 2008

Testemunho do Pr. José Barbosa de Sena Neto – ex-padre

Meu Testemunho no Senhor

Pr. José Barbosa de Sena Neto

pastorbarbosaneto@yahoo.com.br

Antes de relatar minha experiência com o Senhor Jesus, retrocedo no tempo, até o ano de 1941. Dois jovens, cheios de sonhos e de planos para o futuro, encontram-se e vivem uma linda história de amor, culminando com a realização de seus objetivos. Ele era um rapaz pobre e de cultura modesta, com 31 anos de idade. A jovem tinha 26 anos e abrigava em seu coração um mar de sonhos, como é próprio da mocidade, em todas as épocas.

O romantismo envolveu totalmente aquele casal, e na bela tarde de 27/03/1943, o rapaz e a moça tornaram-se marido e mulher, concretizando sua linda história de amor.

Esses dois jovens viriam a ser meus pais. Meu pai, Francisco Barbosa de Sena, tinha 33 anos de idade (13/06/1910) e minha mãe, Ernestina Barbosa de Sena, tinha 28 anos (14/05/1915). O casal foi residir à Rua Solon Pinheiro, 383, praticamente no centro de Fortaleza (Ceará), e quase nos fundos do Convento dos Frades Capuchinhos.

Após 11 meses de casamento minha mãe deu à luz uma filha que deveria chamar-se Maria do Socorro, a qual veio a falecer, poucas horas depois de nascida. A gravidez e o parto de minha mãe haviam sido muito complicados. Minha irmãzinha nasceu de fórceps e o trágico resultado do seu nascimento abalou muito a meus queridos pais.

Novamente minha mãe engravidou, ficando sob intensos cuidados médicos. Vim ao mundo de parto cesariano e para sobreviver tive de ficar numa incubadora, durante algum tempo. Quantos momentos de aflição meus pais passaram! Nasci muito raquítico, precisando de bastante agasalho para envolver-me confortavelmente nos braços de meus pais. Antes do meu nascimento minha mãe fora avisada de que seria eu o seu único filho e que ela não deveria fazer outra tentativa de engravidar, pois isso lhe traria sérios riscos de vida. Muito triste, ela optou pela ligação das trompas. Deus fez de mim um milagre.

Da minha concepção, do nascimento e até os dias de hoje Ele tem provado continuamente ser o meu grande Deus e Salvador. Nasci no dia 31/12/46, às 03h25m da manhã. Houve um misto de festa e preocupação, uma vez que meus pais não tinham certeza se eu iria sobreviver.

Nessa expectativa, reunidos alguns parentes e amigos, fui levado, 9 dias depois de nascido, para ser batizado na paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio. Minha mãe não pôde comparecer, pois ainda se encontrava hospitalizada. Meu pai reuniu o casal, Ernesto Gabriel e Helena Mendes Barroso, que foram meus padrinhos. Quem oficiou o batizado foi o Padre José Afonso Ponte, no dia 09/01/47, quando recebi o nome de José.

Não houve festa. Havia apenas uma leve esperança de que eu sobrevivesse. Mais tarde, quando já era um adolescente, fiquei sabendo que minha mãe havia feito um voto a Deus de que se eu sobrevivesse, ela me consagraria inteiramente a Ele para que fizesse de mim uma pessoa segundo o desejo do seu coração. Sobrevivi, pela imensa graça e misericórdia de Deus, e aqui estou para contar a minha história!

Com quase dois anos fui crismado na provisória Catedral de Fortaleza – Igreja do Pequeno Grande – pelo arcebispo de Fortaleza, D. Antônio de Almeida Lustosa já falecido, que era amigo íntimo de nossa família.

Recebi a “Primeira Comunhão”, com sete anos de idade, das mãos do Frade Carlos Maria de Araripe, na manhã festiva de 03/10/1953, véspera do Dia de São Francisco de Assis, como parte dos festejos daquela solenidade franciscana, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, administrada pelos frades capuchinhos.

Foi um dia de festa para meus pais. Seus olhos estavam marejados de lágrimas de felicidade ao ver-me no meio de quase cem crianças, filhos de pais freqüentadores daquele tradicional santuário católico.

Cresci ali, na Rua Solon Pinheiro, 383, cercado de amiguinhos, e éramos como é natural às crianças, muito ‘arteiros’. Nesse tempo as crianças ainda ostentavam a pureza de sua vida infantil e se alegravam com brinquedos simples, extasiando-se com os folguedos das ‘canções de roda’.

Bons tempos aqueles! Nos festejos de maio, junho e outubro, todas as crianças daquela redondeza compareciam em massa às solenidades litúrgicas.

O irmão leigo, Frei José Maria de Manaus, já falecido saiu de casa em casa buscando autorização dos pais para que seus filhos comparecessem às aulas de formação de novos acólitos, as quais ele mesmo iria ministrar. Então, candidatei-me rapidamente ao curso. Naquele tempo ser convidado para a função de acólito era um grande privilégio entre as famílias de alto conceito paroquial. E lá se foi o garoto José Barbosa, muito compenetrado, participar das aulas de Latim, decorando sofregamente as respostas que deveriam ser dadas na ponta da língua, durante a celebração de cada missa.

Eu e meu amigo – Alfredo – destacamo-nos consideravelmente nessa função, tanto que o Padre Superior, Frei Conrado Maria de Palmácia, sempre nos convocava em ocasiões de solenidades mais litúrgicas. Isso, porque sabíamos de cor todas as respostas, todos os gestos litúrgicos e todas as posições no altar.

Quando os alunos do “Seminário N.Sra. do Brasil” – mais conhecido como “Seminário Seráfico de Messejana” – vinham cantar nas solenidades mais expressivas, meus olhos ficavam atentos a todos os gestos que aqueles ‘fradinhos’ faziam e, a partir daí, nasceu em meu coração o desejo de me tornar um deles. Em 1959, com 13 anos de idade, entrei naquela Casa de Messejana, onde recebi o onomástico de Frei Zacarias Maria de Fortaleza.

Em minha casa paterna, a vida era muito dura. Meu pai era funcionário público municipal e minha mãe, estadual. Lutavam com muita dificuldade para manter a casa e suprir todas as minhas necessidades básicas e escolares. Meu pai sonhava ver-me enfileirado na Polícia Militar do Ceará, tornando-me, posteriormente, um dos seus oficiais.

Contudo, nada disso aconteceu. Com a minha decisão de entrar no Seminário todos os seus planos foram modificados. Mesmo assim, apoiaram de boa vontade minha vocação sacerdotal. Sobretudo para minha mãe foi uma grande alegria, quando se lembrou do voto que fizera a Deus, na época do meu nascimento.

Minha vocação para o sacerdócio brotou naturalmente, como água cristalina jorrando duma fonte. Sentia profunda necessidade de comunhão com Deus. Tanto que havia considerado uma grande honra ter sido convidado para a função de acólito.

Todos os domingos e dias de festa eu vestia o traje próprio dos acólitos – batininha e sobrepeliz – e com todo o garbo que a solenidade exigia, respondia ao sacerdote, segundo o formulário decorado em Latim. Mudava o missal e servia as galhetas de água e vinho para o chamado “Sacrifício da Santa Missa”, que eu considerava o mais sublime e sagrado do mundo.

Sem saber ainda o que fazia, freqüentemente recorria ao Senhor em meus problemas. Escondia-me na capela do seminário, ou em seus vastos corredores, e ‘rezava’ a Deus e aos ‘santos’ em minha devoção, principalmente a São Francisco, patrono da Ordem que eu abraçara, suplicando a todos eles que olhassem para mim e me atendessem. Não sabia discernir a posição dos ‘santos’ no céu, e tratava-os como se eles pudessem conhecer o que se passava comigo. Recordo-me de que tinha grande confiança e devoção a Santo Antônio de Pádua e na minha simplicidade e ignorância de criança e adolescente pedia-lhe auxílio dezenas de vezes rezando de cor o “Responso”, aprendido no regaço de minha mãe: “Se milagres desejais, recorrei a Santo Antônio...” (Leia I Timóteo 2.5; João 14.6,13,14).

A verdade é que em certos momentos eu até sentia a presença de Deus inundar-me a alma. Era ponderado nas conversas, obedecendo sempre à risca o voto de silêncio imposto pela Regra da Ordem, em diversos momentos do dia. Acostumei-me aos lugares silenciosos e ao silêncio tumular do claustro, que me falavam mais de Deus do que o convívio com as pessoas. Emocionava-me com a história dos pastorinhos de Fátima e desejava ser tão bom como eles, para merecer também uma aparição de Maria.

Nesse tempo eu acreditava plenamente, sem qualquer sombra de dúvida, que ela se manifestava, por ter sido escolhida para ser a mãe de Jesus. Mas, ao mesmo tempo, sentia-me indigno e pecador. Tal sentimento de culpa muitas vezes me roubava a paz interior. Quando cometia faltas ou desobedecia aos meus superiores, sentia-me um grande pecador e mergulhava em profunda angústia e depressão espiritual.

Após concluir o ginásio e o clássico, chamado período propedêutico, ingressei no noviciado dos Padres Capuchinhos, no convento da Serra de Guaramiranga. O regulamento, nessa época, era excessivamente austero. O noviciado é um ano de profundo recolhimento. Não era permitido falar com pessoa alguma dentro de casa, a não ser o estritamente necessário, pois era um período de vida inteiramente contemplativa.

No primeiro dia despertei com o bater do sino à porta de cada cela (quarto onde dormem os noviços), enquanto as palavras “Laudetur Jesus Christus” iam repercutindo de boca em boca, culminando com o “Deo Gratias”, em coro uníssono e solene.

Eram quatro horas da manhã, período de verão, em que acontecem as chuvas chamadas de “inverno” nordestino, quando as madrugadas são frias. Depois se ouvia novamente o toque do sino, indicando que todos deveriam levantar-se e beijar o chão. Vestia-se o único hábito (batina) e seguia-se em silêncio profundo até à sala do “capítulo”, onde se reunia a comunidade religiosa.

Depois das horas canônicas em coro, havia meditação sobre a vida de Jesus ou de algum “santo” do dia. O Padre Superior e o Mestre dos Noviços sentavam-se e todos nós, sem exceção, ficávamos postados em duas fileiras. Então nos ajoelhávamos na presença dessas autoridades, beijávamos o chão, duas vezes seguidas, e depois beijávamos a parte superior de seus pés, devendo confessar pelo menos três pecados. A cerimônia terminava com estas palavras: “Peço perdão a Deus e a V. Reverendíssima, penitência”.

O noviço que quebrasse algum objeto na cozinha, quando lá estivesse trabalhando em profundo silêncio, era obrigado pela Regra a amarrar os cacos desse objeto num cordão, dependurando-os no pescoço e indo até à sala do “capítulo”, onde muitas vezes tinha de beijar os pés dos outros, culminando por beijar o chão duas vezes, e na terceira, beijar o pé direito do Padre Superior e do Mestre dos Noviços dizendo: “peço perdão por ter quebrado o irmão prato (ou outro objeto) e solicito penitência”.

Essa penitência muitas vezes se constituía em se ficar de joelhos, até decorar determinados capítulos da “Imitação de Cristo” de Tomás de Kempis. Às sete horas da manhã assistíamos a “Santa Missa”. Depois da missa havia os ‘laudes’, e o café da manhã, após o que, dependendo da escala de serviço, cada um voltava à sua cela (ou quarto), em profundo silêncio. Isso acontecia inexoravelmente durante os 365 dias do ano. Muitos seminaristas desistiam da vocação, nesse período de duras provas.

Quando se entra no convento da Ordem Capuchinha tem-se de entregar exatamente tudo: os pertences pessoais, todos os documentos, trocando-se de nome e desistindo da própria personalidade. Daí em diante o ‘fradinho’ age como autômato. Não tem vontade própria, nem lhe é permitido o direito de exprimir seus pensamentos. Sobre emoção de alegria e tristeza nem se cogita. Para que haja um controle total, fazem-se votos ‘simples’, no princípio do noviciado, e ‘perpétuos’ ou ‘solenes’, no final do mesmo.

Esses votos abrangem pobreza, castidade e obediência. Para se conservarem intactos os usos e costumes introduzidos pelo fundador da Ordem, havia a leitura e o estudo das “Regras”, em geral, antes do almoço. Durante as refeições, nada de conversa, não se podia falar uns com os outros. Nas sextas-feiras praticava-se jejum absoluto e também abstinência de carne.

Antes do final do noviciado, fiquei doente. A comida era insuficiente e eu sentia muita fome. Havia exercícios obrigatórios de mortificação: percorrer de joelhos as catorze estações da “Via Sacra”, rezar os terços do Rosário e pedir penitências públicas ao Mestre dos Noviços.

Com isso adquiri calosidade nos joelhos. As torturas corporais com azorrague, especialmente preparado para este fim, faziam parte da “emenda espiritual”, em cada primeira sexta feira do mês, às três horas da tarde.

Se queríamos ganhar o céu, tínhamos de batalhar para isso! Os méritos de boas obras, indulgências e sacrifícios, unidos aos super abundantes méritos de Maria e dos “santos”, talvez algum dia pudessem nos ajudar a sair mais depressa do fantasioso purgatório! (Leia João 3.16-21; 5.24; Efésios 2.8,9; Atos 4.12).

Ninguém tinha certeza se iria ou não para o céu. Todos nós, coitados, ignorávamos completamente a doutrina da certeza da salvação em Cristo Jesus. Quanto a mim, desconhecia totalmente as palavras de Santo Agostinho: “Não vos iludais meus irmãos, porque na vida além túmulo não há senão dois lugares; não há um terceiro. Aquele que não for admitido no Reino do Senhor perecerá irremediavelmente com o diabo” (Sermão 232).

Concluído o noviciado, fui enviado a Parnaíba (Piauí), para iniciar os cursos de Filosofia (3 anos) e de Teologia (4 anos). Os quatro últimos anos foram os mais difíceis, tempos de muita dureza. Como teologandos, começamos a nos familiarizar com a Teologia Moral Fundamental, Teologia Dogmática (Sistemática), Introdução ao Novo Testamento, Teologia do Velho e do Novo Testamento, Salmos, Evangelhos, Epístolas Paulinas e Epístolas Gerais, Hermenêutica, Exegese, Grego e Hebraico.

Também estudamos História da Igreja Cristã, História Eclesiástica, Mariologia, Administração Eclesiástica, Música e disciplinas afins. Nessa fase final havia intensa preparação e ensaios, antes da recepção de qualquer Ordem Menor ou Maior. Após esses quatro anos, o candidato deveria dar o seu assentimento e receber aprovação eclesiástica. Seguia-se, depois, a etapa final, propriamente dita.

Dos 28 que éramos, no primeiro ano do Seminário, restaram apenas quatro. Os demais se tinham debandado ao longo do caminho. Nesse momento eu pensava mais do que nunca na possibilidade de fazer o mesmo, porém receava que, “tendo posto a mão no arado, se olhasse para trás, não me tornaria apto para o reino de Deus”, segundo as palavras de Jesus, em Lucas 9.62, e que essa atitude me levasse à condenação perpétua. E foi por isso que cheguei à etapa final. O tempo passou veloz no último ano e chegou o dia da tão sonhada ordenação.

Não posso me esquecer: Dia 11/12/1971, dez horas da manhã. A Igreja do Senhor Bom Jesus do Livramento, em Santo André, SP, revestiu-se de gala, pois todos queriam presenciar a solenidade da Ordenação Sacerdotal.

À hora marcada, Dom Victor de Tarso Sanchez Pupo, já falecido, então precedido de seminaristas e padres, deu entrada na nave principal do santuário, com vestes pontificais, e sentou-se na ‘Sede Gestatória’, ao lado do altar mor.

Os candidatos entraram em fila. De ‘alva’ e ‘estola’ cruzada ao peito, eis o momento da prostração total no chão. As cerimônias se arrastaram durante horas. Seu simbolismo, não podemos negar, foi deveras emocionante. A prostração durante as ladainhas, a vestimenta dos paramentos, a unção das mãos, a imposição das mãos pelo Bispo ordenante, a concessão do poder para celebrar missas e receber confissões, a entrega do ‘cálice’ e da ‘patena’, tudo enfim era de uma teatralidade fantástica!

No final houve o beija a mão dos neo-sacerdotes por toda a assistência. Meus pais mal cabiam em si, tão tremenda era a alegria que sentiam naquele momento. Eu relutava em receber aquela honraria, pois continuava me sentindo o mesmo homem de sempre... Um pecador necessitado do perdão de Deus...

Depois de ordenado e após celebrar minha “Primeira Missa”,fui transferido para o Rio de Janeiro e, logo em seguida, para o interior de São Paulo – Taubaté.

Exerci as funções de pároco em várias cidades do interior de São Paulo: Bauru, Santo André, São Caetano do Sul e capital do estado. Fui capelão de um convento de freiras e lá recebi as confissões de muitas almas desanimadas em sua vocação religiosa e espiritualmente deprimidas.

A muitos padres também confessei, alguns deles decepcionados com a vocação abraçada, outros envolvidos no homossexualismo, prática tremendamente abominável aos olhos do Senhor. Esses pobres coitados não tinham forças para abandonar esse tremendo desvio de personalidade e de comportamento moral.

Um caso de confissão, neste aspecto, deixou-me profundamente chocado. Jamais poderia imaginar que aquele padre, tido como galã e de tipo atlético, estivesse ‘seduzindo rapazinhos’ das melhores famílias daquela cidade...

A Igreja, como sempre, sabia disso, mas fingia que nada de grave estava acontecendo. Ela sempre esconde os fatos ou os nega, camuflando-os sob o manto do poder sobrenatural do chamado “Sacramento da Ordem”, considerado pela hierarquia romana como maior do que o homem e seus problemas de desvios morais.

Durante muitos anos tive oportunidade de ouvir, por trás do confessionário, um rol de absurdos cometidos pelas de ‘beatas’ que, sob o manto de fingida santidade, traíam os noivos ou maridos; também de maridos que traíam suas esposas com outras mulheres, e até mesmo com outros homens, os quais se “satisfaziam” aplacando suas consciências aos pés de um padre, em geral tão ou mais pecador do que eles. (Leia 1 João 1.9).

Também reconheci os perigos daí provenientes para muitas almas, inclusive a do confessor. Satanás aproveita essas ocasiões para seduzir o confessor, sob o sutil disfarce do chamado ‘sigilo sacramental’, no sentido de descobrir a vida particular dos menos avisados, indo em busca de suas pegadas, procurando o mesmo pecado e o mesmo pecador.

Agora sei que o poder de perdoar pecados jamais deveria ter sido delegado aos padres. A verdadeira confissão deve ser feita a Deus, numa relação íntima e real da alma com o Senhor, sem intermediários humanos (I João 2:1,2). Quando estou arrependido, Deus perdoa TODOS os meus pecados. Hoje reconheço como único “Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus Homem (1 Timóteo 2.5).

Depois que descobri esta verdade na Palavra de Deus, tão meridianamente clara neste assunto, perdi completamente a vontade de me confessar e de ouvir confissões das pessoas. Somente quando era coagido pelas circunstâncias, mormente por ocasião dos retiros obrigatórios do clero, anualmente, eu me confessava a um confrade, tendo, contudo, o cuidado de escolher alguém que eu sabia não ter desvio de comportamento moral. Fazia isso apenas para evitar críticas humanas, visto como a minha alma já não sentia necessidade alguma de tal prática.

Aos 29 anos de idade pensei em abandonar o sacerdócio e, como conhecia alguns pastores nessa época, lutei bastante a fim de conseguir fazer um curso teológico, no que fui desencorajado, pois um seminário evangélico jamais aceitaria um padre como aluno, por tratar-se de uma escola confessional.

Contudo, não desanimei, lutei e consegui o meu intento. A princípio freqüentei as aulas como ‘ouvinte’ e mais tarde, em razão do meu “bom comportamento”, e depois de ter assinado um termo de compromisso para não me envolver contra “posições teológicas”, tornei-me aluno do “curso regular” e depois de cinco anos recebi o diploma de Bacharel em Teologia. Era esta a minha garantia para abandonar o sacerdócio. Contudo, Deus não me permitiu atingir esse propósito, visto como minhas intenções não eram tão puras.

Certamente, com a profunda consciência que hoje tenho, ainda não estava preparado; faltava-me a legítima conversão. Como poderia um homem sem qualquer experiência genuína com o Senhor exercer o sagrado ministério da Palavra, enquanto levava uma vida indigna, mergulhada num terrível lodaçal de pecados?

Enganei muita gente, em vários círculos e denominações evangélicas. Um pastor batista até hoje não me perdoa dada as atitudes de minha vida pregressa! Aqui fica um alerta para que as denominações evangélicas sejam mais cuidadosas no que diz respeito à 1 Timóteo 5:22: A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro”. A verdade é que eu estava brincando com Deus e com as coisas sagradas do meu Senhor, sem perceber quão horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10.31).

Ingressei no assim chamado “Movimento de Renovação Carismática Católica” e, desde então, Deus começou a trabalhar ativamente em minha vida espiritual. Fiquei maravilhado e entusiasmado, quando comecei a ler e estudar com profundidade as Sagradas Escrituras, tornando-me uma espécie de ‘rato de livrarias e bibliotecas’, fazendo pesquisas para melhor conhecer a verdade cristalina do Evangelho e a verdadeira História da Igreja Cristã.

Queria descobrir como havia a Igreja Cristã se embaralhado nas “religiões de mistérios” do paganismo, as quais empanaram o brilho do sangue dos mártires com costumes e práticas diabólicas, que foram introduzidos na Igreja a partir da chamada “conversão” do Imperador Romano Constantino (312 d.C.). Este era filho de Constâncio I e de sua concubina Helena, nascido em Naisso hoje Mis a 26/02, entre 280 e 288 d.C. e falecido em Ancirona, perto de Nicomédia, a 22/05/337 d.C.

A partir do I Concílio de Nicéia (325 d.C.), convocado por Constantino, foi permitido que o paganismo fosse tolerado no seio da Igreja Cristã, quando pagãos não convertidos passaram a fazer parte da mesma, e em muitas ocasiões tinham permissão de continuar com muitos dos seus ritos e costumes pagãos. Isso era feito com algumas reservas, no sentido de tornar suas crenças mais semelhantes à doutrina cristã.

Infelizmente, alguns líderes da Igreja Cristã daquela época, totalmente comprometidos com a ganância do poder, como Eusébio, bispo de Cesaréia, viram que, se pudessem estabelecer alguma semelhança entre o Cristianismo e o paganismo aumentariam consideravelmente o número de fiéis. Exemplo disso foi a introdução do culto à Mãe-Divina ou Deusa-Mãe (Semíramis com seu filho Tamuz nos braços). Voltarei a este assunto mais detalhadamente, citando fontes confiáveis, na segunda parte deste trabalho.

Com a morte de meu pai, fui obrigado a solicitar transferência para cuidar de minha mãe, que já estava idosa e fisicamente debilitada. Nesse ínterim, muita coisa absurda aconteceu em minha vida (Efésios 4.17-32). Depois de um ano e meio consegui transferência, não para Fortaleza, Ceará, onde minha mãe residia, mas para o interior do estado, de onde, sempre que possível, vinha ter com ela.

O certo é que o “Movimento Carismático Católico” foi fundamental para o meu confronto com a verdade cristalina do Evangelho. A Bíblia Sagrada começou a se tornar clara e transparente para mim. Ao descobrir o plano de Deus efetuado na cruz do calvário, o ato de celebrar missas, de confessar os paroquianos, de rezar pelos defuntos e de prestar culto aos ‘santos’, que era obrigado a fazer, tornaram-se um peso para mim.

Contudo, o receio de abandonar a Igreja e aceitar Jesus como meu único e suficiente Salvador me dominava. Deixar as asas protetoras da Igreja mãe me desencorajava. Não é nada fácil assumir essa atitude, em razão das tremendas dificuldades pelas quais passam os ex-padres para ganhar honestamente o sustento.

Os líderes romanistas fazem o máximo que podem para os coagir a voltar ao seio da Igreja, através da fome, do desprezo dos amigos e, até mesmo, dos próprios familiares, que passam a julgá-los como “renegados”, por terem deixado de cumprir os juramentos feitos.

Na verdade o padre que deseja aceitar Jesus Cristo como Salvador necessita de muita coragem para enfrentar, de peito aberto, os problemas que o aguardam. Para tanto ele precisa estar em total dependência da vontade de Deus, a fim de se proteger contra o ódio e a perseguição daqueles por quem outrora fora amado e respeitado.

Dificilmente um ex-padre consegue emprego decente na área privada porque as melhores empresas dependem do capital dos líderes católicos, que nelas investem altos capitais. Quando dão guarida a um “excomungado” são ameaçados de perder essa parceria.

Por outro lado, a Igreja prepara os padres exclusivamente para o seu próprio serviço e não para viver na sociedade. Os cursos de instrução feitos nos seminários de nada servem na vida secular. Os bispos católicos adotam esse método exatamente para que os padres não possam ter os seus diplomas reconhecidos, ficando sem segurança alguma para exercer outra profissão. Muitos padres, quando se decidem por Jesus, já estão na meia idade, quando tudo se torna mais difícil, principalmente nos dias penosos que o nosso país está atravessando.

O padre que descobre a verdade e que esteve enganado e errado ao longo de sua vida, e que Jesus é a única realidade, tendo consciência de que precisa abandonar suas práticas idólatras e pagãs até então exercidas, assusta-se com as dificuldades da mudança de vida, necessitando, portanto, de orações e total apoio da parte dos irmãos evangélicos.

Os sacerdotes católicos são vítimas do sistema romano e precisam de muito apoio, quando decidem largar o sacerdócio. Muitos desses padres mesmo depois de descobrir a Verdade, com uma pálida experiência no Senhor e sem coragem suficiente, caem no indiferentismo, passando a exercer o seu ministério sacerdotal hipocritamente, ensinando doutrinas nas quais já não acreditam, celebrando missas sem valor algum.

Fazem isso com medo da fome e do desprezo que os esperam. Mas os corajosos e verdadeiramente convertidos, lavados (1 Coríntios 6.11) e remidos (1 João 1.7; Apocalipse 1.5b) pelo sangue precioso do Senhor Jesus, derramado na cruz do calvário, tendo já os seus nomes inscritos no Livro da Vida (Filipenses 4.3), renunciam a todo o conforto material e a todas as vantagens outrora usufruídas, e passam a viver na total dependência do Senhor, colocando-se, desse modo, no centro da vontade de Deus. Nosso Deus é Todo-Poderoso e nunca falho. Ele sempre cumpre à risca todas as suas gloriosas promessas. Confiando nisso os padres corajosos que abandonam o seio da “Santa Madre Igreja” são amplamente recompensados pela alegria da salvação. Louvado seja o nome do Senhor! Aleluia!

Se fosse necessário passar por todos os sofrimentos que já encarei e pelo que ainda terei de passar, declaro, em nome de Jesus, que escolheria mais uma vez seguir os passos do meu querido Salvador e Senhor da minha vida. Como é bom seguir a Jesus! Como é contagiante a alegria Nele! Como é grandioso louvá-Lo e adorá-Lo “em espírito em verdade” (João 4.24) e não através de cultos idolátricos!

Jesus tem sido bom demais para mim, desde o primeiro instante em que me refugiei em seus braços amorosos. Ele me libertou da opressão do diabo, devolveu-me a alegria de viver. Devolveu-me as lágrimas que havia há muito sido reprimidas, deu-me um novo sorriso e uma vontade insopitável de sair proclamando em alta voz que SÓ JESUS CRISTO SALVA!

Só Ele nos purifica de todo pecado. Ele cura todas as nossas enfermidades físicas e espirituais. Ele quebra as cadeias das maldições satânicas. Ele nos enche com o Espírito Santo, revestindo-nos com o seu poder, dando-nos ousadia na Palavra, capacitando-nos a guerrear contra todas as hostes e obras das trevas.

Este é o Jesus que desejo conservar em adoração no mais íntimo do meu ser, proclamando-O como o meu grande Deus e Salvador. Aleluia! Mas, acima de tudo, sou crente em Jesus, lavado e comprado pelo Seu sangue, com uma convicção inabalável de que meu nome já foi confirmado no Livro da Vida do Cordeiro, estando aguardando a cada dia a volta gloriosa do Senhor Jesus!

Quando reconheci o verdadeiro estado pecaminoso em que me encontrava, considerei-me indigno de cuidar da salvação das almas, quando eu mesmo ainda não estava salvo. Havia confiado demasiadamente em mim, no pedestal do meu orgulho pessoal, do meu conhecimento intelectual.

Antes de conhecer Jesus eu era desumano, vivia mentindo, mergulhado nos pecados mais crassos que se possam imaginar... Era um “hipócrita de plantão”, sem intimidade alguma com Deus, um cego guiando outros cegos, oferecendo o perdão que só Deus pode conceder.

Foi então que o Senhor Deus teve misericórdia de mim, um leproso espiritual, e me estendeu a sua mão, tocando-me sobrenaturalmente (Marcos 1.41). Jesus me acolheu com carinho, teve paciência comigo, antes mesmo de minha conversão (Romanos 5.8). Aproximei-me dele com fé e humildade, confiei em seu poder, sentindo a necessidade de ser lavado em seu precioso sangue.

O Seu amor e a Sua graça inundaram-me completamente e pude então experimentar, com profundidade, o significado da salvação em Cristo Jesus, a qual foi obtida, não por causa de minhas obras, mas porque “o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de TODO pecado”(I João 1.7b). Não importa qual tenha sido o meu passado, Deus realizou uma grande obra de restauração em mim, transformando-me em “nova criatura” (2 Coríntios 5.17). Aleluia!

Nada mais devo, exceto o amor, pois Jesus já perdoou todas as minhas transgressões, tendo cancelado o escrito de dívida que era contra mim... removeu-o inteiramente e encravando (meus inomináveis pecados) na cruz”. E desses pecados ele jamais se lembrará (Colossenses 2.14; Hebreus 10.17). Satanás certamente vai continuar enviando os seus emissários para, com o dedo em riste, apontar os meus erros do passado, dizendo: “conheço as obras deste homem”! Ele tem-se levantado ferozmente para acusar-me; contudo sei que já está derrotado, pois “o sangue de Jesus... nos purifica de TODO pecado”. Aleluia!

Quando nos arrependemos de nossos pecados, Ele sempre nos perdoa. Arrepender-se é reconhecer a maneira errada em que temos vivido, abandonando o procedimento egoísta independente, reconhecendo que o nosso comportamento magoou Jesus profundamente, e que nossos pecados foram a causa de sua morte na Cruz do Calvário.

A Palavra de Deus diz que devemos crer em Jesus para obter a salvação. Devemos reconhecer a nossa incapacidade de expiar nossos próprios pecados e confiar unicamente na expiação efetuada por Cristo, na cruz, “de uma vez para sempre”! (Hebreus 10.10-18).

Ter fé em Jesus é aceitá-lo, render-se e apegar-se a Ele, passando a depender única e exclusivamente Dele e a Ele se entregando confiadamente, na certeza de que Ele nos salva (João 6.37,40). Quando o recebemos como Salvador e Senhor, Ele entra em nossa vida. Quando O aceitamos e cremos no Seu evangelho Ele nos salva e coloca um novo cântico em nossa boca. Se confessarmos Jesus diante dos homens Ele nos confessará diante do Pai (Lucas 12.8,9).

Só a Palavra de Deus vivenciada nos dá plena certeza de salvação. Leiamos Romanos 10.9,10 que diz o seguinte: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação”. A Palavra de Deus nos garante isso quando afirma que “...os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Romanos 11.29).

Depois de me entregar a Jesus Cristo e me dedicar à leitura e ao estudo constante de sua Palavra, meu coração foi transformado de tal maneira que só tenho vontade de praticar a sua vontade, de fazer o que lhe é agradável. Tendo me tornado nova criatura em Cristo, (2 Coríntios 5.17), na medida em que sua palavra foi me penetrando o íntimo, pude descobrir que, realmente, “os seus mandamentos não são penosos” (1 João 5.3c).

Quem lê e pesquisa humildemente a Palavra de Deus entra em tal estado de espiritualidade que passa a enxergar todas as coisas pela ótica divina e, portanto, sente prazer em executar a vontade Deus e, desse modo, vive em completa harmonia com Deus, com o mundo ao redor e consigo mesmo.

A leitura da Bíblia é a única maneira de chegarmos a Deus, confiadamente, sem nos deixarmos envolver com doutrinas estranhas, que têm surgido em todos os tempos, para minimizar a obra redentora do Senhor Jesus Cristo.

Caro amigo leitor, se o meu testemunho tocou o seu coração e você compreendeu a necessidade de ser salvo de todos os seus pecados através da fé no Senhor Jesus Cristo, confesse a Ele os seus pecados ocultos, do mesmo modo como também confessei um dia todas as minhas transgressões. Vá até Ele, agora mesmo, com o coração quebrantado, confiando inteiramente no que Ele declarou: Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim de modo nenhum o lançarei fora (João 6.37).

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A máscara das “aparições” de Fátima caiu

* Pr. José Barbosa de Sena Neto

pastorbarbosaneto@yahoo.com.br

De 1917 a 1930 – durante 13 anos – a Igreja Romana não acreditou nas “aparições” de Fátima, pois, até hoje, essas “aparições” não fazem parte do núcleo da Fé Católica, que quer dizer que o católico romano pode deixar de acreditar nisso, e continuar a ser católico romano, sem problema nenhum. E podia ter-se apressado a reconhecê-las, porque, até então, eram já muitos os milhares de pessoas que ocorriam a Fátima, entre 13 de maio a 13 de outubro, de cada ano. Um reconhecimento oficial a que não terá sido alheio ao fato de ter saído vitorioso o golpe militar de 28 de maio de 1926, o qual institucionalizou a nova ditadura de Antônio Oliveira Salazar. O novo regime, obscurantista católico, saído deste golpe militar e presidido pela dupla Salazar-cardeal Antônio Cerejeiras, carecia de uma coisa assim, para mais facilmente se implantar nas populações.

A “senhora” de Fátima, com a mensagem retrógrada, moralista e subserviente que lhe é atribuída e que, ainda hoje, vai tão ao encontro da generalidade dos altos funcionários católicos dos Vaticano e do paganismo religioso-católico das massas populares, vinham mesma a encaixar-se... Vai daí, em lugar de continuar a hostilizar as “aparições”, a hierarquia maior da Igreja Romana, em 1930, mudou radicalmente de estratégia e reconheceu as “aparições” de Fátima como fenômeno sobrenatural! Terá percebido nessa altura que, se não adiasse mais esse reconhecimento, os lucros seriam enormes, como, efetivamente, têm sido. Lucros financeiros, lucros políticos, lucros clericais, mais uma “mina de ouro” que não podia ser desperdiçada!

A alta cúria romana incentivou às nossas populações supersticiosas que acreditassem no frevo carnavalesco solar, isto é, no “fenômeno do Sol se agitando, rodopiando e pulando fora de sua órbita, sendo que tal “fenômeno” nunca teve comprovação científica nenhuma, como prova da autenticidade da presença da “senhora” de Fátima e, é claro, de suas “mensagens proféticas”, as quais se cumpririam à risca. A “senhora” disse: “A Rússia se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz”. Mas ela também advertiu que, se isso não fosse atingido, “os erros dela (Rússia) se espalharia pelo mundo inteiro, causando guerras e perseguições... e várias nações seriam destruídas”. No final, aquela “Senhora” prometeu, como prêmio de consolação, que a Igreja Católica Romana triunfaria, depois que “o santo padre ( o papa) me consagrar à Rússia”. Dentro de poucos anos, o culto à “Senhora de Fátima” havia atingido grandes proporções.

O Vaticano levou à sério as promessas da “senhora” de Fátima. Eugênio Pacelli, o futuro Pio XII, a eminência parda por detrás de Pio XI, patrocinou uma política de apoio ao fascismo na Itália e ao nazismo na Alemanha, no sentido de cumprir a profecia da “senhora” de Fátima. Foi então que ele se tornou o instrumento principal da ascensão de Hitler ao poder. Ele o fez, forçando o Partido Católico a votar nas últimas eleições gerais da Alemanha, em 1933. O fascismo e o nazismo, além de esmagarem o comunismo na Europa, também esmagaria a Rússia comunista! Em 1929, Pio XI assinou uma Concordata e o Tratado Laterano com Mussolini, chamando por ele de “o homem enviado pela Providência Divina”. Em a933, Hitler se tornou o chanceler da Alemanha. Em 1936, Franco começou a Guerra Civil. Em 1938, dois terços da Europa já eram fascistas e os rumores da II Guerra Mundial eram ouvidos mais e mais, em toda parte. Ao mesmo tempo, contudo, a Europa também se tornara ‘fatimizada’. O Vaticano deu a maior promoção ao culto à “senhora” de Fátima, com ênfase sobre a promessa de conversão da Rússia, feita por ela! Em 1938, o núncio papal foi enviado a Fátima e a quase um milhão de peregrinos foi dito que aquela “senhora” havia confiado três grandes segredos às crianças videntes. Estava preparado o engodo!

Depois disso, em junho daquele mesmo ano, a então única sobrevivente das três crianças– a Lúcia, que faleceu recente – controlada pelo seu confessor, sempre em contato com a hierarquia católica, e daí com o Vaticano, ‘revelou’ o conteúdo de dois dos três grandes segredos. O primeiro, uma visão do inferno, de acordo com a concepção do clero romano. O segundo, uma reiteração que a Rússia se converter à Igreja Romana. O terceiro, foi entregue num envelope selado e posto sob a custódia da cúria romana, não podendo ser revelado antes de 1960. A memória do brasileiro é muito falha. Mas, alguém se lembra da revelação do terceiro segredo, após pressão constante dos católicos do mundo inteiro? “Um homem de branco alvejado...” Nem os próprios católicos e devotos da “senhora” de Fátima, acreditaram naquela estória da carochinha! O silêncio total se faz ouvir até hoje nos meios católicos mais fervorosos...

Em 1938, as ditaduras fascistas começaram a falar a mesma língua: a aniquilação da Rússia. No ano seguinte, estourou a II Guerra Mundial. Em 1940, a França foi derrotada. A profecia daquela “senhora” ia se cumprir. No Vaticano, havia grande regozijo. Em 1939, Pacelli já havia se tornado papa, com o nome de Pio XII. Enquanto os exércitos nazistas se colocavam ao redor de Moscou, Pio XII, dirigindo-se a Portugal, apressava os católicos a orar pela rápida realização da promessa da “senhora”` de Fátima. Mas... o tiro saiu pela culatra!

A “senhora” perdeu a guerra e o império nazi-fascista se evaporou, após o colapso de Hitler. Em 1945, a II Guerra Mundial terminou e a Rússia, para vexatória surpresa de Pio XII e de sua “senhora”, emergiu como a segunda maior potência mundial. Conclusão: a “senhora” de Fátima mentiu em suas ‘profecias’! E agora, como fica?

* Foi sacerdote católico romano durante 22 anos consecutivos e é autor do livro ‘Confissões Surpreendentes de um ex-Padre”.

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3 comentários:

Lúcia Cruz disse...

A paz do Senhor Jesus,pastor José,fiquei maravilhada com seu testemunho e assim como eu me comovi,que outros padres tenham a oportunidade de tambem lerem este testemunho tremendo. glórias à Deus que o Sr.teve coragem, ousadia para avançar e prosseguir na caminhada com Jesus,que Deus continue te abençoando e te fortalecendo nesta jornada àrdua, mas a recompensa é uma coroa de glória e salvação. parabens.

Arthur Olinto disse...

Curioso. Há pessoas que fazem a viagem contrária: destes, a argumentação parece ser bem mais sólida e elegante. Eis um exemplo: http://documents.scribd.com.s3.amazonaws.com/docs/6yosunehhc3mn07f.pdf

Abraço.

Sammis Reachers disse...

Um mestrando em filosofia precisa realmente ser "mais elegante" que outros não tão bem fornidos. Mas, imagine você, abandonar a suficiência imensa, quase escandalosa, "loucura para o mundo" que é Cristo e Cristo somente, e sua salvação graciosa, gratuita, para tecer loas a Maria, mulher de pó sujeita a julgamento, céu e inferno como eu e você. E sujeitar-se, sendo ele mesmo sacerdócio real, a outros que se arrogam possuidores absolutos e absolutistas do sacerdócio. E tantos outros horrores anti-bíblicos. A quem creditar tal equívoco? À filosofia? Algum pecado latente, difícil de abandonar, que com o tempo distorceu tanto a percepção quanto o julgamento de tal alma?
Sólidos mistérios, Arthur, sólidos mistérios...